Mercado imobiliário chinês passa por mudança sísmica com aumento da procura por casas de segunda mão em meio a crise.

No coração da antiga Concessão Francesa de Xangai, um apartamento antigo está chamando a atenção de compradores em busca de um novo lar. Com azulejos art déco e quartos com teto alto, o imóvel está sendo vendido por um valor de 21 milhões de renmimbi, equivalente a cerca de R$ 15 milhões.

Esse cenário reflete uma tendência crescente na China, onde a procura por casas de segunda mão está ganhando destaque. Em um contexto de crise no setor imobiliário que antes era dominado pela venda de imóveis novos, essa mudança de comportamento dos consumidores pode indicar uma transformação significativa no mercado.

Com o cenário urbano chinês repleto de condomínios inacabados, a demanda por casas mais antigas vem se fortalecendo. A falta de confiança nos desenvolvedores, após uma série de calotes no setor imobiliário, está impulsionando os compradores a optarem por propriedades já existentes.

Enquanto em economias desenvolvidas como na Europa e América do Norte as casas usadas são a preferência dos compradores, na China o boom imobiliário das últimas décadas resultou na construção de milhões de novas residências. Por outro lado, bairros históricos como aquele em Xangai têm propriedades antigas com uma carga cultural e arquitetônica única.

A repressão regulatória e os calotes das grandes incorporadoras imobiliárias levaram a uma crise de liquidez em 2021, fazendo com que o mercado imobiliário chinês passasse por momentos turbulentos. Com a construção de novos empreendimentos temporariamente paralisada, os consumidores têm se voltado para o mercado secundário em busca de opções mais seguras e consolidadas.

Nesse contexto, as vendas de casas de segunda mão superaram as de novas construções no ano passado, um marco que não era visto desde os primórdios dos mercados imobiliários privados na década de 1990. A análise de dados de grandes cidades chinesas mostra que, em muitos casos, as transações de imóveis usados já são mais frequentes do que as de novas propriedades.

Com os preços das novas construções em queda e a flexibilidade de negociação dos imóveis usados, os consumidores estão encontrando nas casas de segunda mão uma alternativa viável e atrativa. O mercado imobiliário chinês parece estar passando por uma reconfiguração, onde a valorização do patrimônio histórico e a segurança das propriedades utilizadas estão ganhando espaço em meio à crise do setor.

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