Manifestantes indígenas tentam impedir audiência pública sobre a construção da ferrovia Ferrogrão na Amazônia

Na última sexta-feira, manifestantes indígenas tentaram impedir a realização de uma audiência pública para discutir a construção da Ferrogrão, uma ferrovia que passará por suas terras. A Ferrogrão, com 1.000 km de extensão, é apoiada por agricultores e empresas de grãos, com o argumento de que ela reduziria a dependência de estradas e diminuiria os custos de transporte de soja de Mato Grosso para os portos fluviais na bacia amazônica.

No entanto, os povos indígenas munduruku e kayapó afirmam que não foram consultados sobre o projeto, que impacta diretamente o meio ambiente e o desmatamento na região. Cerca de cem manifestantes segurando faixas bloquearam a entrada da audiência em Novo Progresso, no sul do Pará.

A líder do protesto foi Alessandra Munduruku, vencedora do Goldman Environmental 2023, por seus esforços para impedir o desenvolvimento da mineração na Amazônia e proteger a floresta. Em entrevista à Reuters, Alessandra Munduruku afirmou: “A gente não tem como deixar acontecer uma audiência que vai contra nosso território. Estamos preocupados pelo futuro de nossas crianças”.

Alessandra Munduruku ressaltou a preocupação do povo indígena com a mudança climática e criticou a atuação do Congresso em relação ao lucro com as terras indígenas. Ela ainda mencionou a votação parlamentar que derrubou o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao marco temporal para demarcação de terras indígenas.

A notícia também aponta que a decisão sobre o estabelecimento ou não de prazo para reivindicações de terras será decidida pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Em agosto, em uma decisão sobre a Ferrogrão, o STF manteve a suspensão de um plano governamental para reduzir o tamanho de um parque de conservação florestal para permitir a construção da ferrovia, enquanto novos estudos são esperados.

A ferrovia foi projetada para ligar o porto de Mirituba, no Pará, ao município de Sinop, em Mato Grosso. A situação envolvendo a Ferrogrão é um reflexo claro das tensões e conflitos existentes entre os interesses dos povos indígenas e os da indústria, reforçando a necessidade de um diálogo e negociação que respeite os direitos e o território dos povos originários.

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