Moss argumenta que os textos que compõem o Novo Testamento foram escritos em um processo de colaboração, muitas vezes com a participação de pessoas escravizadas. Essa perspectiva lança luz sobre a complexidade por trás da redação dos textos bíblicos e questiona a ideia de autoria individual e divina. O livro levanta a possibilidade de que os evangelhos e as cartas tenham sido resultado de um trabalho conjunto entre líderes religiosos e colaboradores menos reconhecidos, como escravos.
Na sociedade antiga, era comum que os escritores ditassem seus textos a secretários ou escribas especializados, muitos dos quais eram escravos. Esses colaboradores desempenhavam um papel fundamental na redação, selecionando palavras, intervindo na argumentação e até mesmo na publicação das obras. A autora ressalta que a contribuição desses escritores invisíveis foi essencial para a disseminação do cristianismo no mundo antigo.
Embora as evidências sobre o trabalho criativo dos escravizados na redação dos textos sejam escassas, Moss argumenta que é crucial reconhecer a importância desses colaboradores na formação da tradição religiosa. Seu livro não busca questionar a autoridade dos textos do Novo Testamento, mas sim promover uma reparação histórica das pessoas humildes que contribuíram para sua criação e difusão. Dessa forma, Moss nos convida a refletir sobre a complexidade da autoria dos textos sagrados e a dar voz aos escritores que, por muito tempo, permaneceram no anonimato.