Repórter São Paulo – SP – Brasil

Justiça determina que USP garanta vaga em medicina para aluno de cotas raciais rejeitado por heteroidentificação em São Paulo.

O juiz Danilo Ponciano de Paula, da 2ª Vara de Cerqueira César, no interior de São Paulo, proferiu uma decisão histórica ao condenar a USP a garantir vaga para um estudante aprovado por cotas raciais em medicina. O estudante, Alison dos Santos Rodrigues, teve sua matrícula cancelada por uma banca de heteroidentificação que não o considerou pardo.

Alison foi aprovado em medicina através do Provão Paulista, um vestibular exclusivo para alunos da rede pública, concorrendo pelas vagas reservadas para candidatos egressos da rede pública e autodeclarados PPIs (pretos, pardos e indígenas). No entanto, a comissão de heteroidentificação da USP discordou da autodeclaração de pardo feita pelo estudante, alegando que ele não apresentava o “conjunto de características fenotípicas de pessoa negra”.

A decisão do juiz determina não apenas a garantia da vaga para Alison, mas também que a universidade “ressarcir o autor de eventuais despesas que tenha suportado” por ter tido a vaga negada. Além disso, o magistrado questionou a justificativa da USP para não considerar Alison pardo, declarando que a argumentação era genérica e sem referência específica.

Não foi a primeira vez neste ano que a universidade rejeitou a autodeclaração racial de um candidato aprovado por cotas. Em outro caso em março, um estudante conseguiu garantir sua vaga na Faculdade de Direito após a USP negar que ele fosse pardo.

A USP é uma das últimas universidades públicas do país a adotar cotas raciais, reservando 50% das vagas para alunos da rede pública, sendo 37,5% destinadas para candidatos autodeclarados PPI. Em julho, a universidade anunciou mudanças no processo de heteroidentificação, substituindo a entrevista presencial por uma entrevista virtual a partir do vestibular 2025.

A decisão do juiz Danilo Ponciano de Paula representa um avanço na garantia da igualdade e diversidade nas universidades brasileiras, reforçando a importância das políticas de cotas raciais para promover a inclusão e a representatividade.

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