Justiça britânica inicia julgamento que pode responsabilizar BHP pelo rompimento da barragem em Mariana, com indenização estimada em R$230 bilhões.

O julgamento que vai definir a responsabilidade da mineradora anglo-australiana BHP Billiton pela tragédia do rompimento da barragem em Mariana (MG) teve início nesta segunda-feira (21) em uma Corte de Tecnologia e Construção de Londres. A ação movida pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead representa 620 mil pessoas, 46 municípios e 1.500 empresas afetadas pelo desastre que ocorreu em 2015.

O escritório alega que a BHP Billiton deve responder pelos danos causados, uma vez que era controladora da Samarco, responsável pela barragem, e financiadora da atividade de mineração que culminou no desastre. Segundo o PG, a BHP tinha conhecimento dos riscos do rompimento da barragem, evidenciado pela participação de executivos da empresa em reuniões do conselho da Samarco e por laudos técnicos que apontavam para a possibilidade do colapso.

O julgamento se baseia no direito brasileiro, apesar de ocorrer em um tribunal britânico. A expectativa é que a juíza responsável, Finola O’Farrell, leve até três meses para divulgar sua decisão, após ouvir testemunhas, especialistas em direito ambiental e geotecnia, e as argumentações das partes envolvidas.

A BHP Billiton afirma que a ação no Reino Unido duplica os esforços de reparação em andamento no Brasil, em parceria com a Samarco e a Vale. A mineradora destaca a criação da Fundação Renova, que destinou mais de R$ 37 bilhões em auxílio financeiro, indenizações e reparação do meio ambiente para as vítimas do desastre.

Mesmo com a liminar emitida pelo ministro do STF, Flávio Dino, que proíbe municípios de pagarem honorários de contratos de risco em ações perante tribunais estrangeiros, o escritório Pogust Goodhead assegura que a decisão não interfere no processo britânico. A expectativa é que, caso a BHP seja condenada, os valores das indenizações às vítimas ultrapassem os R$ 230 bilhões.

O desfecho desse julgamento é aguardado com ansiedade por todas as partes envolvidas, e a decisão da justiça britânica terá repercussões significativas no cenário global das responsabilidades corporativas em casos de desastres ambientais. A questão da soberania da legislação brasileira e a aplicação das leis ambientais e civis do país em processos internacionais também estão em foco nesse julgamento histórico.

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