Tom Goodhead, CEO do escritório especializado em direito ambiental e direitos humanos que representa o grupo de vítimas, destacou a importância da legislação brasileira que estabelece a responsabilidade de quem polui. Ele ressaltou que, no caso da BHP, a empresa lucrou com a extração de minério de ferro em Minas Gerais e deve arcar com as consequências do desastre que ocorreu.
Em 2015, o rompimento da barragem da Samarco, empresa controlada pela BHP e pela Vale, resultou no vazamento de milhões de metros cúbicos de lama tóxica, causando a morte de 19 pessoas e destruindo vilarejos ao longo do rio Doce. Apesar do impacto devastador, até hoje ninguém foi responsabilizado criminalmente pelo desastre.
O julgamento está sendo realizado em Londres, pois a BHP era sediada no Reino Unido na época do incidente. Durante o processo, a defesa das vítimas irá apresentar evidências de que a empresa tinha conhecimento dos riscos e priorizava o lucro em detrimento da segurança.
Os pedidos de indenização podem chegar a 36 bilhões de libras, aproximadamente R$ 270 bilhões. A BHP, por sua vez, argumenta que a ação é desnecessária devido aos esforços de reconstrução em andamento no Brasil. A Fundação Renova, mantida pelas empresas responsáveis, afirma ter gasto R$ 37 bilhões em ações de remediação e compensação.
O julgamento, que conta com depoimentos de especialistas e testemunhas, deve se estender até março de 2025, com a expectativa de uma sentença até meados do ano seguinte. Caso a BHP seja considerada culpada, a definição do valor da indenização será o próximo passo, mas, para as vítimas e seus representantes, o importante é responsabilizar a empresa o mais rápido possível e garantir que prestem contas por suas ações.