Intolerância religiosa cresce 80% no primeiro semestre de 2024, com maioria das denúncias contra religiões de matriz africana e evangélicos.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil apresentou um aumento alarmante de 80% nas denúncias de intolerância religiosa em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, o número de denúncias passou de 681 em 2023 para 1.227 em 2024. Mais de 900 casos não identificaram a religião alvo da intolerância, porém, dentre aqueles em que houve essa informação, as religiões de matriz africana foram as mais afetadas.

A umbanda e o candomblé foram os principais alvos, com 75 e 58 denúncias respectivamente, totalizando 152 casos somente no primeiro semestre. Em seguida, os evangélicos aparecem com 49 denúncias registradas. Além disso, a violência contra as mulheres foi predominante, representando 60% do total de registros, com 742 denúncias de violações neste ano.

O perfil racial mais atingido foi o de pretos e pardos, com 647 denúncias. Vale destacar que, em anos anteriores, os cristãos eram os principais alvos de intolerância, conforme levantamento do Instituto de Estudos da Religião e do data_labe. A plataforma do Disque 100, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos, possibilita a denúncia de diversas violações, incluindo a liberdade de crença, onde se enquadram os casos de intolerância religiosa.

Em 2024, o Disque 100 recebeu mais de 398 mil denúncias, totalizando mais de 2,6 milhões de violações, considerando que uma denúncia pode conter múltiplos tipos de violência. O mês de maio foi o mais violento, com 60.687 registros, e São Paulo lidera o ranking de estados com 105.841 denúncias, seguido pelo Rio de Janeiro, com 52.920 registros até o momento. A plataforma funciona 24 horas e recebe ligações gratuitas e anônimas de todo o país.

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