O termo “tradwife” vem do inglês e pode ser traduzido como “esposa tradicional”. Nos Estados Unidos, as “tradwives” formam uma comunidade ativa de mulheres que valorizam os cuidados com o lar, o marido e os filhos, enxergando o feminismo como uma perda de direitos. Esta visão nostálgica do passado, em que as mulheres eram protegidas pelos maridos e não precisavam trabalhar, reflete-se na estética adotada por essas influenciadoras, que remetem à imagem de uma dona de casa do século passado.
No Brasil, o movimento “tradwife” ainda não é tão difundido, mas já existem perfis semelhantes no TikTok. Estas influenciadoras reforçam a ideia da mulher de valor, que prioriza a família e a feminilidade, em oposição ao feminismo. Para Camila Rocha, pesquisadora e colunista da Folha, essa postura pode ser uma forma das mulheres lidarem com a sobrecarga do cuidado que recai sobre elas, especialmente as não-brancas e economicamente vulneráveis.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) é um exemplo de político que se alinha com as ideias das “tradwives”, promovendo discursos conservadores e patriarcais. Esta visão de mundo também é compartilhada pelos bolsonaristas mais extremistas e pela extrema direita norte-americana. Segundo a pesquisadora Eviane Leidig, as influenciadoras de extrema direita desempenham um papel fundamental na normalização e legitimação destas ideias, disseminando mensagens de ódio de forma sutil.
Em um mundo cada vez mais polarizado, as “tradwives” e outras influenciadoras conservadoras buscam conquistar seguidores por meio de uma abordagem estratégica, focando em questões de gênero e criticando o feminismo como forma de atrair uma audiência mais ampla antes de transitar para um discurso mais extremo. O debate sobre o papel da mulher na sociedade e os valores conservadores continuam em pauta, gerando reflexões e discussões sobre o futuro das relações de gênero.