Indígenas da Amazônia pedem emergência climática devido à seca que afeta rios vitais para suas aldeias.

Indígenas da Amazônia estão enfrentando uma grave crise devido à seca que assola a região, e pedem ao governo brasileiro que declare emergência climática. A falta de água potável, alimentos e remédios está afetando as aldeias, conforme relatado por líderes locais nesta terça-feira (10).

A seca e a onda de calor têm causado a morte de uma grande quantidade de peixes nos rios onde vivem os povos indígenas, e a qualidade da água nos riachos e afluentes do rio Amazonas está imprópria para consumo. A Apiam (Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas), que representa 63 povos da Amazônia, afirmou que é urgente que os governos da Amazônia, do Brasil e do mundo declarem emergência climática e tomem medidas para enfrentar a vulnerabilidade climática e social dos indígenas e populações tradicionais.

Segundo a Apiam, os rios Rio Negro, Solimões, Madeira, Juruá e Purus estão secando em ritmo recorde, e os incêndios florestais estão se alastrando para novas áreas no baixo Amazonas. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, já havia afirmado no final de setembro que o governo estava preparando uma força-tarefa para fornecer assistência emergencial às áreas afetadas pela seca na região amazônica. Nesse sentido, o governo enviou dezenas de milhares de cestas básicas para comunidades isoladas pela falta de transporte fluvial.

A situação na região é agravada pelo fenômeno climático El Niño, que tem levado a um volume de chuvas abaixo da média histórica no norte da Amazônia. A falta de água potável é particularmente preocupante para as comunidades indígenas, pois as aldeias não possuem saneamento básico adequado.

Além disso, os rios intransitáveis têm dificultado o acesso da assistência médica às aldeias, e a previsão é de que a próxima chuva só ocorra no final de novembro ou início de dezembro, quando os rios e a população de peixes costumam se renovar. A falta de transporte fluvial também tem afetado a coleta de frutas na floresta, prejudicando tanto as comunidades indígenas quanto as não indígenas.

Ivaneide Bandeira, diretora da organização indígena Kanindé, relatou que comunidades não indígenas isoladas estão pedindo alimentos às aldeias indígenas. Ela também ressaltou que a fumaça proveniente dos incêndios florestais está pior do que nunca, impactando a saúde de idosos e crianças. Bandeira destacou que a situação vai além do El Niño, e que o desmatamento e as queimadas realizadas pelo agronegócio estão contribuindo para o problema.

Diante desse cenário alarmante, os indígenas da Amazônia esperam que o governo brasileiro e a comunidade internacional reconheçam a emergência climática na região e tomem medidas urgentes para resolver a crise enfrentada pelas comunidades indígenas e populações tradicionais. É necessária uma ação imediata para garantir o fornecimento de água, alimentos e remédios, além de investimentos em saneamento básico e no combate ao desmatamento e às queimadas na região amazônica. A preservação do ecossistema amazônico e o respeito aos direitos das comunidades indígenas são fundamentais para a sobrevivência desses povos e para a proteção da maior floresta tropical do mundo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo