A esquerda enfrenta o desafio da instabilidade caso decida governar sozinha, sujeitando-se a possíveis votos de não confiança de blocos opositores. Por outro lado, ao unir-se ao centro, a NFP alcançaria os 289 deputados necessários para formar um governo estável. No entanto, a possibilidade de uma coalizão esbarra na desconfiança mútua entre os macronistas e a NFP.
Durante a campanha eleitoral, Macron equiparou o líder da extrema-esquerda, Mélenchon, à líder da extrema-direita, Marine Le Pen, da RN, chamando ambos de “extremos” equivalentes. Além disso, o presidente francês rotulou a LFI de “antissemita” e acusou seus deputados de promoverem “desordem” na Assembleia Nacional. Attal, por sua vez, afirmou que seu partido não faria coalizão com Mélenchon, preferindo negociar com setores considerados “republicanos” dentro da esquerda.
Mélenchon também enfrenta resistência dentro de sua própria aliança, como o rompimento com o Partido Socialista na legislatura anterior. Algumas lideranças do PS declararam que, em caso de vitória da NFP, Mélenchon não seria o primeiro-ministro, numa tentativa de atrair eleitores moderados.
Diversas soluções são cogitadas para o impasse político na França, como a indicação de um nome que não seja Mélenchon para liderar a NFP, visando agradar os macronistas. Outra possibilidade seria Macron formar um “governo de especialistas” para conduzir o país temporariamente até a convocação de novas eleições. No entanto, as divergências entre esquerda e centro permanecem em pauta, especialmente em relação a temas como a impopular reforma da Previdência aprovada por Macron em 2023.