Ibama pode assumir licenciamento de projeto de potássio na Amazônia, revendo atos conduzidos pelo Ipaam no Amazonas, aponta documento técnico.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está envolvido em uma polêmica sobre o licenciamento do projeto de exploração de potássio na região amazônica. De acordo com um documento técnico elaborado no segundo semestre de 2023, o Ibama afirmou que poderá assumir o licenciamento do projeto, o que poderia implicar na revisão de atos conduzidos pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). Essa mudança de responsabilidade pode ser decorrente da conclusão de um relatório de identificação da terra indígena onde estão localizados os muras, um povoado indígena que habita a região há 150 anos.

A controvérsia em torno do licenciamento envolve diversos órgãos e instituições, como a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), que protocolou um relatório sobre o componente indígena na área das jazidas de potássio. A concessão da licença de instalação para a mineração de potássio em Autazes (AM) pelo governo do Amazonas, apesar da presença histórica dos muras na região, levantou questionamentos sobre a maneira como o processo foi conduzido.

Além disso, o Ibama, em um ofício da Diretoria de Licenciamento Ambiental, afirmou que a competência para o licenciamento não é do órgão federal, mas que poderia mudar caso houvesse a formalização da terra indígena. O governo do Amazonas, sob a gestão do governador Wilson Lima, apoiou a concessão da licença de instalação à empresa responsável pelo projeto de potássio, destacando os benefícios econômicos e de empregabilidade que a exploração mineral traria para a região.

No entanto, a oposição de parte dos indígenas e as questões sobre a regularidade do processo de licenciamento ainda são motivos de debate e tensão. O embate entre diferentes órgãos do governo, incluindo Funai, Ibama, ANM e União, demonstra a complexidade e a sensibilidade envolvidas na questão do licenciamento e da exploração de recursos naturais em territórios tradicionais.

Com o aumento da pressão e das discussões sobre o tema, a decisão final sobre o licenciamento do projeto de potássio em Autazes pode não apenas impactar a região, mas também servir como um precedente para futuras questões envolvendo a exploração de recursos naturais em territórios indígenas. É fundamental que os interesses das comunidades tradicionais sejam levados em consideração em meio a essas disputas e decisões administrativas.

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