Marcão compartilhava seu entusiasmo, enaltecendo a liberdade que sentia ao apreciar as bundas alheias. Diante do espanto do narrador, ele argumentou que não estava assediando ou fazendo qualquer gesto inapropriado, apenas desfrutando da vista sem que as mulheres percebessem. Para Marcão, seu guarda-chuva era uma “arma antimachista” que possibilitava admirar o corpo feminino sem objetificar a mulher.
Porém, o narrador não se convenceu das justificativas de Marcão. Ele alegou que olhar para a bunda de uma mulher é uma forma de objetificação, ignorando sua individualidade e reduzindo-a a um mero objeto de desejo. Marcão, por sua vez, defendeu que o desejo faz parte da natureza humana, sendo um instinto presente em todos nós.
A discussão prosseguiu, com Marcão citando até mesmo a teoria da seleção natural e a associação inconsciente entre um quadril avantajado e a saúde reprodutiva. Ele acreditava que desejar a bunda de uma mulher não era apenas uma atitude conforme à palavra divina, mas também um contra-ataque à gordofobia.
Após momentos de silêncio, Marcão sugeriu a ideia de usar um sombreiro para conseguir a mesma visão que seu guarda-chuva proporcionava. O narrador, incrédulo, considerou que seu amigo tinha problemas e que a sociedade atual estava doente, adotando atitudes hipócritas e moralistas.
No final do encontro, Marcão ofereceu o guarda-chuva ao narrador, convidando-o para dar uma volta e experimentar a sensação de observar as bundas das mulheres. A resposta foi um não.
Esse curioso episódio levanta várias questões: até que ponto é aceitável satisfazer nossos desejos? É possível admirar o corpo feminino sem objetificar as mulheres? São questões complexas, que merecem ser analisadas com cuidado, levando em consideração o respeito e a dignidade de cada indivíduo.






