Grupos tentam tornar o Dia de Iemanjá mais sustentável e resgatar suas origens africanas e negras no Brasil.

Iemanjá: a divindade que une as margens do rio Oceano Atlântico

No dia 2 de fevereiro, celebramos a divindade de Iemanjá, a rainha das águas e figura materna da humanidade. A importância desta divindade é ancestral e transcultural, com raízes nas tradições iorubá e ligada ao culto das religiões de matriz africana no Brasil. A simbologia de Iemanjá como a grande mãe da tradição iorubá é enfatizada por estudiosos, representando a união, a preparação para a vida e as potencialidades.

No entanto, uma questão problemática que emerge é a representação embranquecida de Iemanjá em terras brasileiras. Originalmente, a divindade é de origem negra, o que levanta questionamentos sobre a figura comumente representada como uma mulher branca. Este fenômeno é resultado de um processo de sincretismo e aculturação, muitas vezes romantizado como parte da “democracia racial”, mas que na verdade está enraizado em construções racistas do século 20.

A importância de Iemanjá no Brasil durante o período de escravidão é evidenciada pela sua capacidade de refazer laços familiares e afetivos entre os escravos separados de seus parentes. Ela desempenhou um papel fundamental na manutenção das famílias diaspóricas, promovendo união e ancestralidade dentro das comunidades escravizadas.

A representação de Iemanjá como uma mãe negra é essencial para a preservação da cultura e identidade africanas, mas o embranquecimento da divindade é apontado por estudiosos como resultado de uma violência cultural que busca apagar a herança e a história negra. A necessidade de reconhecer e respeitar a diversidade cultural é enfatizada, bem como a importância de preservar as tradições originais das divindades africanas.

Em suma, Iemanjá é muito mais do que uma figura mítica ou um símbolo religioso; ela representa um legado vivo da história e cultura africana, uma conexão entre as águas e a humanidade. O respeito à sua representação e a preservação de sua origem e identidade é fundamental para a celebração dessa divindade tão significativa para as tradições africanas e brasileiras.

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