Segundo Caine, as empresas como Amazon, Google, Facebook e Apple se beneficiam do cansaço e da ansiedade gerados pelo uso excessivo de suas tecnologias. Ele ressaltou que o constante rolar do feed de notícias, posts e comentários nas redes sociais tem contribuído para a economia da atenção, desviando o foco da realidade objetiva.
Por sua vez, Coeckelbergh abordou o tema da ansiedade provocada pelas tecnologias desenvolvidas pelas big techs, que prometem simplificar a vida, mas acabam gerando novas demandas e fazendo o tempo passar mais rápido. O autor também destacou a exploração das inseguranças e vulnerabilidades das pessoas por meio de tecnologias e produtos de autoaperfeiçoamento.
Durante a mesa mediada pela jornalista Fabiana Moraes, os autores exploraram o uso de dados pelas empresas para sugestões de produtos e os danos causados ao mercado de livros pelo comércio digital. Caine apontou que a Amazon, por exemplo, utiliza a venda de livros para coletar dados e oferecer outros produtos mais lucrativos, desvalorizando a obra literária.
Coeckelbergh mencionou o paternalismo libertário da Amazon, que influencia as escolhas dos consumidores por meio de algoritmos de recomendação. Além disso, ressaltou os impactos negativos da inteligência artificial no mercado editorial, citando modelos de linguagem capazes de produzir resenhas sem remunerar os autores originais.
Em um contexto em que as big techs estão diminuindo a qualidade das coisas e minando a criatividade, os autores destacaram a necessidade de influenciar o desenvolvimento de novas tecnologias que apoiem a democracia e as mudanças sociais. Concluíram que um mercado de tecnologia mais democrático seria mais benéfico do que o atual apoio às iniciativas de bilionários do setor.