O pingado, para quem não está habituado com o termo, é uma bebida que consiste em café coado com leite, geralmente servido no copo americano. Ele é um verdadeiro patrimônio das padarias tradicionais da cidade e tem um espaço cativo no mercado e no paladar afetivo dos moradores.
No entanto, o pingado enfrenta dois desafios nesse cenário atual. O primeiro é a gourmetização do café, que tem crescido no Brasil, principalmente nos grandes centros urbanos. Cafeterias estão buscando servir grãos de maior qualidade para atender a esse público exigente, introduzindo opções como cappuccino italiano e flat white. Isso acaba competindo com a tradição do pingado.
O segundo desafio, ainda mais preocupante, é a pseudo-gourmetização. Muitas padarias têm abandonado o café coado tradicional para servir apenas cafés expressos, com a justificativa falaciosa de oferecer bebidas melhores. Trocar o método de preparo não significa necessariamente uma melhoria no sabor se o grão utilizado continua sendo de baixa qualidade. Isso acaba inviabilizando o tradicional pingado sem de fato melhorá-lo.
A gourmetização real, por outro lado, pode coexistir com a tradição. Um pingado feito com café gourmet, por exemplo, pode resultar em uma bebida mais equilibrada e saborosa, mantendo a tradição do pingado, mas com uma qualidade superior.
Diante desse cenário, surge o questionamento para os amantes do pingado: devemos combater a gourmetização ou a falsa gourmetização? A resposta é clara: é necessário lutar contra a falsa gourmetização, que é a verdadeira vilã da nossa querida bebida tradicional.
Portanto, o pingado não precisa ser visto como um inimigo da gourmetização do café, mas sim como uma tradição que pode coexistir e até ser aprimorada por essa tendência. Afinal, a verdadeira gourmetização pode trazer benefícios para a tradição, desde que seja feita com qualidade e respeito aos sabores tradicionais.
E você, o que pensa sobre esse embate entre o pingado tradicional e a gourmetização do café? Envie suas sugestões e opiniões para a nossa equipe pelo e-mail david.lucena@folhapress.com.br e ajude a enriquecer essa discussão.