General Gonçalves Dias é ouvido pela CPMI do 8 de Janeiro em depoimento relevante às investigações.

Nesta quinta-feira (31), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro tomará o depoimento do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Ele ocupava o cargo durante as invasões em Brasília e deixou o posto em abril, após a divulgação de vídeos nos quais aparece conversando com os invasores do Palácio do Planalto. O depoimento está marcado para as 9 horas, no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado Federal.

A convocação do general Gonçalves Dias foi objeto de aproximadamente 100 requerimentos. No início dos trabalhos, a CPMI chegou a rejeitar o depoimento do ex-ministro, mas, em junho, um acordo viabilizou a aprovação dos pedidos. Diversos parlamentares, entre eles os deputados Rafael Brito (MDB-AL), Delegado Ramagem (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marco Feliciano (PL-SP), e os senadores Sergio Moro (União-PR), Magno Malta (PL-ES) e Izalci Lucas (PSDB-DF), assinaram os requerimentos.

Esse depoimento do general G. Dias é considerado pelos parlamentares de oposição como uma peça-chave para esclarecer as providências adotadas e o desdobramento das investigações conduzidas pelo governo federal. Eles citam uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, segundo a qual o general teria mandado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) adulterar os alertas enviados a ele sobre a ameaça de ataques, no relatório entregue ao Congresso Nacional. Supostamente, teriam sido suprimidos 11 alertas sobre as ameaças de invasão.

Além disso, os parlamentares também mencionam vídeos veiculados pela rede de TV CNN que registram a presença do general no interior do Palácio do Planalto durante a invasão. No entanto, em depoimento à CPI da Assembleia Legislativa do Distrito Federal, Gonçalves Dias negou ter sido conivente com os golpistas que invadiram o Palácio.

A CPMI já ouviu vários depoentes, como o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, que afirmou que a Abin havia alertado sobre o risco de ataques, mas o núcleo de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas. O empresário George Washington Sousa, preso por ter colocado uma bomba em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília, também prestou depoimento, assim como o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro, e os peritos da Polícia Civil, Renato Carrijo e Valdir Pires Filho.

A comissão também ouviu o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, que negou que a instituição tenha atuado politicamente para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro. O coronel Jean Lawand Júnior explicou mensagens trocadas com um ajudante de ordens de Bolsonaro, negando que as mensagens quisessem incitar um golpe de estado. O ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira, também foi ouvido, mas, munido de um habeas corpus, preferiu ficar em silêncio.

A CPMI foi criada em abril para investigar os atos de ação e omissão ocorridos no dia 8 de janeiro. Presidida pelo deputado Arthur Oliveira Maia, a comissão é composta por 16 senadores e 16 deputados. O objetivo é esclarecer as circunstâncias das invasões e apurar as responsabilidades dos envolvidos. O depoimento do general Gonçalves Dias é aguardado como uma oportunidade de obter mais informações sobre os acontecimentos naquele dia e os possíveis vínculos entre autoridades e invasores. A expectativa é que seu testemunho ajude a esclarecer as investigações em curso.

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