Fuvest incluirá apenas obras escritas por mulheres nos próximos vestibulares da USP e especialistas preveem resistência.

A recente decisão da Fuvest, que seleciona os ingressantes da USP (Universidade de São Paulo), em incluir uma lista de leitura apenas com obras escritas por mulheres nos próximos três anos, tem gerado polêmica e opiniões divergentes. A medida é vista por especialistas como um avanço na inclusão das mulheres no ambiente literário, mas há quem acredite que isso poderá causar resistência por parte de alunos e professores.

A professora de literatura do Colégio Objetivo, Maria de Lourdes da Conceição Cunha, acredita que a iniciativa é muito importante, pois no Brasil a autoria feminina sempre foi deixada de lado, citando que nas escolas, os estudos de autoras mulheres iniciam a partir do modernismo. Já o professor Vinicius Teixeira, do Curso e Colégio Oficina do Estudante, acredita que a inclusão dos nomes é importantes e revolucionária para enfrentar o machismo estrutural brasileiro.

No entanto, a professora Francielly Baliana, do curso Poliedro, prevê uma certa resistência de parte dos alunos e professores em relação à exigência de obras apenas por mulheres nos próximos anos. Para ela, muitos alunos e famílias vão achar desnecessário e apegados a certos autores.

As autoras presentes na nova lista são muito diversificadas, com narrativas tradicionais e atuais, todas de alta qualidade, segundo Maria de Lourdes. Ela ressaltou a importância da perspectiva feminina e como isso pode mudar a visão dos alunos em relação à representatividade feminina.

A professora ainda argumentou que a complexidade do que é ser mulher no Brasil será discutida através das escritoras. Já Vinicius acredita que as autoras irão ocupar o lugar até então ocupado pelos clássicos, e citou a romancista Julia Lopes de Almeida (1862-1934) como uma digna representante de seu estilo literário.

Por fim, a professora Francielly Baliana reconhece que a mudança é importante, mas já sugere que no futuro, o leque deva ser aberto para autoras indígenas, quilombolas e transexuais, para que todas as mulheres sejam contempladas.

Agora, o futuro se encarregará de mostrar os desdobramentos e consequências dessa decisão, e se ela será aceita ou não pelos alunos e professores da USP. O que é claro é que a medida busca promover a igualdade e a representatividade feminina, e é um marco no cenário literário brasileiro.

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