Fuvest faz história com lista de leitura obrigatória só de autoras, mas estudantes enfrentam dificuldade para encontrar os livros.

Na manhã dessa terça-feira, 22 de novembro, a Fuvest anunciou uma mudança histórica em sua lista de leitura obrigatória. Pela primeira vez na história, a lista contará apenas com obras escritas por mulheres. A nova lista entrará em vigor a partir do vestibular que será aplicado em 2025, para ingresso na universidade em 2026.

Entre os títulos selecionados estão obras clássicas como “Opúsculo Humanitário” (1853), da autora feminista do século 19 Nísia Floresta, e “Memórias de Martha” (1899), de Julia Lopes de Almeida, além de títulos contemporâneos como “A Visão das Plantas” (2019), de Djaimilia Pereira de Almeida. A lista inclui também obras de grandes autoras como Lygia Fagundes Telles, Conceição Evaristo, Rachel de Queiroz, entre outras.

No entanto, a divulgação da lista trouxe à tona a preocupação com a acessibilidade dessas obras. Em consulta realizada pela reportagem, foi constatado que numerosos exemplares não estão disponíveis em bibliotecas, sebos virtuais ou livrarias, o que pode impactar o acesso dos estudantes a esses livros.

Diante disso, Fernando Marcílio, professor de literatura do Curso Anglo, ressaltou a importância de novas edições surgirem para garantir o fácil acesso às leituras. Ele também alertou para a oportunidade comercial que surge para as editoras brasileiras com a lista da Fuvest.

Apesar das dificuldades de encontrar alguns exemplares, especialistas acreditam que a decisão da Fuvest é importante para resgatar autoras silenciadas na história da literatura. Vinicius Teixeira, professor de literatura do Colégio Oficina do Estudante, afirmou que a escolha de obras escritas por mulheres tem potencial formativo para as novas gerações, enquanto Fernando Marcílio avalia que as novas obras serão assimiladas sem dificuldades pelos alunos.

Para atender à nova lista, a Fuvest busca promover a leitura de autoras femininas e a inclusão de textos potentes para proporcionar uma experiência literária mais rica e questionadora aos estudantes. A lista contempla obras clássicas, contemporâneas e em domínio público, mas a acessibilidade desses exemplares ainda é um desafio a ser superado.

Além disso, a reportagem ressalta que a decisão da Fuvest é um reflexo do movimento atual de valorização da literatura feminina e também da literatura negra. A oxigenação das listas de leitura obrigatória possibilita um panorama mais abrangente e plural, contribuindo para a formação crítica e reflexiva dos estudantes.

Portanto, a nova lista da Fuvest impacta não apenas a preocupação com a acessibilidade das obras, mas também representa uma abertura para um diálogo mais diversificado na literatura brasileira e um incentivo à leitura de autoras femininas.

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