De acordo com a pesquisa, as formigas aprenderam a cultivar fungos sob o solo, estabelecendo uma relação de coevolução entre os insetos agricultores e os fungos plantados. Essa descoberta é considerada um dos exemplos mais importantes de coevolução da história do planeta e se encaixa perfeitamente com o período de extinção em massa que encerrou a Era dos Dinossauros.
Os resultados detalhados do estudo foram publicados na revista Science e contaram com a contribuição de um quarteto de pesquisadores ligados ao Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro. Eles analisaram mais de 2.000 regiões do DNA de quase 500 espécies de fungos e 276 espécies de formigas para reconstruir a árvore evolutiva desses seres.
O estudo revelou que existem quatro formas distintas de agricultura praticadas por formigas, sendo que todas cultivam fungos do grupo Agaricales. As formigas utilizam diferentes estratégias para plantar e cultivar esses fungos, sendo a agricultura superior, praticada pelas saúvas, a mais complexa e especializada.
Além disso, os pesquisadores identificaram um aumento na complexidade da agricultura de formigas há 27 milhões de anos na América do Sul, o que pode ter sido influenciado por mudanças climáticas e na paisagem. Com o surgimento das savanas e a perda de florestas fechadas, as formigas protosaúvas selecionaram fungos adaptados ao novo ambiente, tornando-os totalmente dependentes do cultivo dentro de seus formigueiros.
Essa descoberta arqueológica levanta questões interessantes sobre a evolução e adaptação das espécies ao ambiente ao longo dos milênios, mostrando que a agricultura não é uma prática exclusiva dos seres humanos, mas uma estratégia antiga utilizada por diferentes organismos para garantir sua sobrevivência.