Enquanto o mundo se volta para a reconstrução do Iraque, os Estados Unidos enfrentam outro problema: as tensões entre os aliados na Europa. França e Alemanha se opuseram ativamente à política dos EUA, enquanto a Rússia se posicionou contra os Estados Unidos pela primeira vez desde o final da Guerra Fria.
Essas divergências levantaram questões sobre o futuro da aliança militar ocidental, que tem sido a base da política externa dos EUA por décadas. A queda do Muro de Berlim e as mudanças geopolíticas subsequentes minaram as premissas da OTAN, mas os EUA continuaram a se apoiar na aliança, mesmo com o crescente desequilíbrio de poder e interesses entre os dois lados do Atlântico.
Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, as tensões entre os EUA e seus aliados europeus se intensificaram. A implementação da estratégia da ação preventiva causou atritos, uma vez que a política desafiou princípios de soberania estabelecidos na comunidade internacional.
Enquanto os EUA agiram sem consultar seus aliados, França e Alemanha contestaram abertamente a liderança americana, minando a aliança transatlântica e enfraquecendo a influência dos EUA na Europa. Essa mudança também dividiu a Europa em dois grupos: aqueles que buscam uma identidade europeia em oposição aos EUA e aqueles que valorizam a cooperação transatlântica.
O papel da ONU no pós-guerra iraquiano também gerou polêmicas, com os aliados buscando usar a organização como um contrapeso ao poder dos EUA. Essas tensões ameaçam transformar a ONU de um mecanismo de cooperação em um lugar de disputas políticas.
A morte de Kissinger nos lembra de sua relevância como analista e diplomata, cujas reflexões sobre as tensões transatlânticas em 2003 continuam a ressoar nos debates contemporâneos sobre as relações internacionais. A história nos ensina que as tensões transatlânticas e os desafios à liderança dos EUA têm raízes profundas, e exigem uma busca constante por diálogo e cooperação entre aliados para evitar a fragmentação das relações internacionais.






