Feira do Livro se transforma em enclave literário na metrópole neste sábado, com destaque para obra inspirada em tragédia de Buenos Aires.

No último sábado (6), a Feira do Livro se transformou em um verdadeiro refúgio literário em meio à agitação da cidade. Localizada nos arredores da Praça Charles Miller, as obras estavam em pleno andamento no estádio, com o som dos caminhões de ré e das máquinas se mesclando aos debates e palestras que ocorriam no local. Além disso, uma feira de frutas e legumes na entrada dificultava o trânsito de carros, enquanto opções como pastel e caldo de cana surgiam como alternativas para o almoço.

O destaque do evento foi a presença da escritora e cineasta argentina Camila Fabbri, que apresentou seu livro “O Dia em que Apagaram a Luz”, publicado pela editora Nós. A obra aborda uma tragédia semelhante à ocorrida na boate Kiss, que teve lugar em Buenos Aires em 2004.

Naquela mesma data, a banda Callejeros se apresentava na República Cromañón, uma famosa casa de shows portenha. Um incêndio iniciado por volta das 23h se alastrou rapidamente, resultando em uma tragédia similar à da boate Kiss, com vítimas presas devido às saídas de emergência trancadas.

Após presenciar um show da banda no dia anterior ao incêndio, Fabbri decidiu mergulhar em um trabalho de pesquisa a fim de escrever seu livro. A autora buscou relatos de sobreviventes, enfatizando que sua obra é um romance, não uma reportagem. Durante sua participação na feira, Fabbri compartilhou sua experiência e a importância da revisão das normas de segurança em casas noturnas.

O evento contou com a presença de vários espectadores, que puderam ouvir a autora em espanhol, sem a necessidade de tradução simultânea. A mediadora Anna Virginia Balloussier destacou a relevância do ocorrido na República Cromañón como um marco na história recente da Argentina, comparando o incidente ao 11 de Setembro.

Balloussier também expressou sua visão sobre a presidência de extrema direita de Javier Milei na Argentina, ressaltando o desânimo gerado pela uniformidade de discursos e crises enfrentadas pelo país. Por outro lado, a mediadora acredita que a literatura argentina poderá se fortalecer diante das adversidades políticas e orçamentárias, motivando os escritores a produzirem obras significativas.

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