Fazendeiro condenado pela Chacina de Unaí se entrega à Polícia Federal, enquanto irmão é considerado foragido

No último sábado (16), o fazendeiro Antério Mânica, condenado como mandante da Chacina de Unaí, entregou-se à Polícia Federal em Brasília. A chacina ocorreu em 2004 e vitimou quatro auditores fiscais do trabalho que investigavam denúncias de trabalho análogo à escravidão. O irmão de Antério, Norberto Mânica, continua foragido.

O Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), sediado em Belo Horizonte, determinou a prisão imediata dos irmãos Mânica e de outros dois condenados por intermediarem o crime. A prisão de um dos condenados, José Alberto de Castro, já havia ocorrido na última semana, enquanto Hugo Alves Pimenta também encontra-se foragido.

O pedido de prisão foi realizado pelo Ministério Público Federal, que alegou que os mandantes da chacina poderiam usar seu poder político e econômico para atrapalhar o andamento do processo. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a prisão dos três condenados na última terça-feira (12).

A prisão de Antério Mânica foi recebida com alívio pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), que emitiu uma nota comemorando o desfecho do caso. O sindicato destacou que a luta pela justiça durou quase 20 anos e ressaltou o poder econômico dos envolvidos, bem como a importância do trabalho realizado para alcançar essa conclusão.

No dia 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, juntamente com o motorista Ailton Pereira de Oliveira, foram mortos em uma emboscada enquanto investigavam denúncias de trabalho escravo na zona rural de Unaí. As investigações apontaram os irmãos Mânica como os mandantes do crime.

Em 2015, Antério e Norberto foram condenados a 100 anos de prisão, mas permaneceram em liberdade enquanto recorriam do processo. A condenação de Antério foi anulada após a confissão de seu irmão como único mandante. No entanto, em maio do ano passado, Antério foi novamente julgado e condenado a 64 anos de prisão. Ambos os irmãos aguardavam o resultado dos recursos em liberdade.

José Alberto de Castro e Hugo Pimenta, condenados por contratar os atiradores, também aguardavam o julgamento dos recursos em liberdade. Os únicos que permaneciam presos desde 2004 eram os três pistoleiros, que foram condenados em 2013.

A prisão de Antério Mânica é um marco importante para o caso da Chacina de Unaí, trazendo esperança para as famílias das vítimas e reforçando a luta contra os crimes de trabalho análogo à escravidão. O desenrolar do processo e a captura dos demais envolvidos serão acompanhados de perto pela sociedade.

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