Exclusão de autores masculinos da Fuvest: uma tentativa equivocada de combater o machismo.

Nos últimos tempos, tem sido cada vez mais delicado lidar com as intenções e os efeitos das ações. O dilema entre boas intenções e seus efeitos colaterais tem se mostrado extremamente desafiador, especialmente quando se trata de questões de inclusão, representatividade e combate ao machismo.

A frase “de boas intenções o inferno está cheio” sempre incomodou. Afinal, embora erros possam acontecer, as más intenções é que deveriam ser punidas, certo? Frisar a boa intenção na desgraça soava como uma atitude cínica, zicando qualquer tentativa malograda de melhorar o mundo. No entanto, a recentes ações da esquerda tornaram a frase mais complicada, mostrando que é mais difícil lutar contra uma burrice bem-intencionada do que contra um imbecil que quer “passar a boiada”.

Um exemplo disso é a decisão da Fuvest de excluir autores masculinos da prova de literatura em suas próximas edições, sob a justificativa de lutar contra o machismo. No entanto, restringir o acesso dos estudantes a autores como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa não contribui efetivamente para a luta contra o machismo. A estrutura patriarcal histórica impediu que as mulheres tivessem visibilidade e oportunidades para produzir obras equivalentes às dos homens, o que resultou em um cânone literário majoritariamente masculino.

Portanto, a introdução de vozes femininas, negras e de outras minorias é fundamental, enriquecendo o conhecimento e ampliando a cultura. No entanto, isso não justifica a exclusão de obras masculinas, que também possuem valor e relevância. A ação afirmativa é importante para proporcionar oportunidades iguais a todos, mas o burrismo institucional e a anti-cota surgem quando se silencia vozes que também contribuem significativamente para a construção do conhecimento.

Em síntese, a luta pela inclusão e pelo reconhecimento de vozes históricamente silenciadas é crucial, mas é essencial encontrar um equilíbrio que não acabe por gerar exclusões e impor limitações injustas. A busca por um mundo mais justo e igualitário não pode ser feita às custas da negação e restrição do conhecimento produzido ao longo da história, mas sim por meio da ampliação e valorização das diversas vozes que contribuem para enriquecer o patrimônio cultural e intelectual da humanidade.

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