Ex-presidente da Americanas contradiz depoimento à PF em CPI sobre dívida bilionária que levou à recuperação judicial

O ex-presidente da Americanas, Miguel Gutierrez, contradisse o que havia afirmado à Polícia Federal durante a investigação das fraudes que resultaram na recuperação judicial da empresa. Em seu depoimento à CPI, Gutierrez havia dito que a Americanas estava com uma dívida maior do que seu caixa, e que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles – tinham conhecimento disso. No entanto, em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente afirmou que não havia problemas financeiros.

Gutierrez informou aos policiais que, em uma reunião marcada por Sergio Rial – consultor contratado pelo trio de acionistas – para o dia 27 de dezembro de 2022, nada foi destacado sobre as supostas “inconsistências contábeis” que motivaram a divulgação de um fato relevante em janeiro de 2023. Ele reforçou que não houve qualquer alerta de que a empresa estava passando por dificuldades financeiras durante essa reunião.

É importante destacar que Gutierrez não compareceu pessoalmente à CPI, mas enviou uma carta com o seu depoimento. Na carta, ele informa que a situação financeira da Americanas já começava a se agravar no terceiro trimestre de 2022, e que em 2021 o caixa líquido da empresa já superava o valor da dívida em R$ 3,5 bilhões. No entanto, até o fim de setembro de 2022, o rombo já tinha chegado a R$ 5,3 bilhões.

A situação se agravou ainda mais a partir de outubro, com queda nas vendas e consumo de caixa de R$ 2 bilhões por mês. Em janeiro, a Americanas divulgou um fato relevante informando uma inconsistência contábil de mais de R$ 20 bilhões, o que resultou na entrada da empresa em recuperação judicial.

A assessoria de Gutierrez esclarece que o executivo nunca escondeu os problemas financeiros da Americanas, e que seu depoimento à Polícia Federal se referia apenas à reunião específica do dia 27/12/2022, e não à situação financeira da empresa em geral. Segundo a assessoria, Gutierrez deixou claro em seu depoimento à CVM que a empresa passava por problemas financeiros, mas não tinha conhecimento dos problemas contábeis.

Em resumo, as declarações de Gutierrez à CPI e à Polícia Federal contradizem-se em relação à situação financeira da Americanas no período que antecedeu sua recuperação judicial. Enquanto à CPI ele afirmou que a empresa estava com uma dívida maior do que seu caixa, à Polícia Federal ele negou problemas financeiros. A situação da Americanas se agravou a partir do terceiro trimestre de 2022, com um aumento no rombo financeiro e uma queda nas vendas. No início de 2023, a empresa divulgou uma inconsistência contábil de mais de R$ 20 bilhões e entrou em recuperação judicial.

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