Evento fetichista destaca práticas BDSM com látex, chicotes e couro em animada celebração. Empolgante e ousada, a noite promete surpresas.

No último sábado (12), um casal chamou atenção ao chegar à rua Aurora, na região central de São Paulo, vestindo roupas de látex brilhantes. Madame Fermans, de 32 anos, e Casper, de 39 anos, são frequentadores assíduos do Projeto Luxúria, considerada a festa de fetiches mais tradicional do país, que acontece mensalmente no endereço 710 da rua Aurora.

O evento tem início em um edifício antigo em processo de manutenção, onde os visitantes precisam enfrentar uma longa e escura escadaria até chegar ao salão principal. Lá, encontram um ambiente repleto de corpos de diferentes cores e formas, todos transpirando volúpia.

Ao deixar o primeiro ambiente, os visitantes se deparam com uma piscina e, em seguida, um cinema com estofados vermelhos. Um dos destaques do local era Pedro Goldman, de 28 anos, que estava mumificado em plástico industrial, usando apenas uma jockstrap que deixava sua bunda à mostra e um disfarce canino. Guto Lemos, de 42 anos, foi responsável por “embrulhar” Pedro e, além disso, utilizou uma corrente para enforcá-lo, proporcionando prazer para ambos.

Em um segundo andar, há cabines privativas, um quartinho aconchegante e um sofá, onde encontrava-se Madame Fermans com Casper. Ela pisava, estrangulava e cuspia, enquanto ele agradecia e se ajoelhava.

Um dos visitantes, conhecido como Lorde Joker, de 39 anos, destacou a liberdade que o Projeto Luxúria proporciona: “É fantástico ter um lugar onde, sem julgamento, você pode ser o que quiser, pode libertar seus instintos”. Prova disso eram os diversos personagens e cenas espalhados pelo local, como um homem travestido de boneca sendo servido por sua parceira.

Realizado desde 2006, o Projeto Luxúria completa 17 anos no próximo sábado (19) e terá uma festa temática em um colégio, onde aqueles que estiverem uniformizados terão desconto no ingresso. Porém, é importante ressaltar que há algumas restrições no evento, como a proibição de sexo explícito, escatologia e uso de drogas.

Apesar de ser vendida como a festa de todos os fetiches, o BDSM é a prática mais comum no espaço, com chicotes estalando e alguns momentos perigosos. Por exemplo, Jack Napier, de 59 anos, no fumódromo, desferia golpes na genitália de Harleen, de 36 anos, como forma de chegar mais rapidamente ao orgasmo feminino.

Entre os frequentadores mais icônicos está Heitor Werneck, de 56 anos, fundador do Projeto Luxúria. Conhecido como o rei dos fetiches, ele conta com diversas tatuagens espalhadas pelo corpo, incluindo uma que diz “fodedor” em seu abdômen. Heitor frequenta a cena fetichista desde os anos 1990 e sempre quis unir todas as tribos em um local de celebração. Ele enfrenta o boicote de alguns gays, que não frequentam o Luxúria por ter mulheres, evidenciando a misoginia presente na comunidade.

Heitor acredita que o medo e o preconceito são obstáculos para que as pessoas vivam seus desejos livremente e defende a importância de proporcionar essa liberdade para todos. Ele questiona: “Sou um ser do fetiche. Acordo e durmo neste mundo. Desejo ter a liberdade para isso e proporcionar o mesmo para meus iguais. É algo ruim?”.

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