Estudo revela que apenas 11% dos suspeitos de massacres no campo foram condenados pelo Tribunal do Júri em 34 anos.

Nos últimos 34 anos, ocorreram diversos casos de massacres no campo no Brasil, resultando em 386 suspeitos de envolvimento como mandantes ou executores. Neste contexto, um estudo intitulado “Massacre no Campo” foi apresentado em Brasília nesta quinta-feira (22), revelando que apenas cerca de 60% dos suspeitos foram levados ao Tribunal do Júri, responsável por julgar crimes dolosos contra a vida. Desse grupo, somente pouco mais de 11% foram condenados.

A análise dos dados realizada por mais de 30 pesquisadores do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Universidade de Brasília (UnB) revelou diversas conclusões sobre a impunidade desses crimes. Segundo o estudo, a ineficiência do sistema judicial brasileiro está associada a uma série de fatores que se acumulam ao longo do processo, desde a etapa de instrução até a fase judicial.

Uma das principais conclusões é a falta de produção de provas novas durante a instrução do processo, o que compromete a qualidade das evidências e favorece a impunidade. Além disso, foram identificadas falhas na localização dos réus e no uso de recursos judiciais, o que resulta em uma tramitação morosa dos processos. Os estudiosos destacaram a importância de aprimorar a produção de provas e a preparação do sistema judiciário para agilizar a resolução desses casos.

Outro ponto abordado no estudo foi a não adesão do Brasil ao Protocolo de Minnesota das Nações Unidas, que estabelece procedimentos para a proteção da cena do crime e a coleta de provas. Os pesquisadores ressaltaram a necessidade de fortalecer o sistema de Justiça e aumentar o interesse em apurar a real responsabilidade dos envolvidos em massacres no campo.

Embora o sistema judiciário brasileiro tenha passado por processos de modernização, ainda é perceptível uma lacuna na investigação e responsabilização dos mandantes e executores desses crimes. A falta de uma produção efetiva de provas e a fragilidade dos inquéritos contribuem para a impunidade e a perpetuação da violência no campo. Portanto, medidas eficazes de combate à impunidade e de proteção das vítimas desses massacres são essenciais para promover a justiça e a segurança no Brasil.

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