O plástico é o material mais presente nas águas dos oceanos, totalizando um estoque estimado entre 75 e 200 milhões de toneladas. Com base em coletas amostrais realizadas em quase 20 pontos do país, o projeto identificou 55 mil itens, classificados por categoria de material e, quando possível, pela marca a que pertencem.
A geógrafa Gabriela Otero, gerente de Resíduos e Circularidade do Pacto Global da ONU no Brasil e coordenadora do Blue Keepers, destaca a importância de direcionar políticas públicas e investimentos a partir dos dados obtidos com as amostragens. Por meio dessas informações, é possível alertar as empresas sobre produtos problemáticos em determinadas regiões, incentivando a implementação de infraestrutura adequada de coleta e reciclagem, além do desenvolvimento de materiais mais sustentáveis.
Em entrevista, Otero ressalta que 80% dos resíduos que acabam nos oceanos têm origem continental, muitas vezes a centenas de quilômetros de distância do oceano. Isso revela a necessidade de uma gestão mais eficiente dos resíduos em todo o território brasileiro, visando mitigar a poluição marinha.
Além disso, o papel das empresas na questão da poluição plástica é fundamental. O engajamento responsável e consciente dessas empresas, pautado em informações e evidências, é essencial para evitar que os produtos acabem nos oceanos. O projeto Blue Keepers reúne dados que podem ser compartilhados com as empresas para auxiliá-las a desviar seus resíduos do oceano, por meio de práticas como coleta seletiva e logística reversa.
No cenário internacional, países da Europa adotam estratégias como a logística reversa e a parceria entre empresas e poder público para gerir os resíduos de forma mais eficiente. Os consumidores também desempenham um papel importante, devendo consumir de forma consciente e descartar corretamente seus resíduos. A conscientização sobre a gravidade da poluição plástica nos oceanos e seus impactos na biodiversidade também é crucial para promover mudanças de comportamento e incentivar a adoção de alternativas mais sustentáveis.
Em um esforço coletivo, envolvendo governos, empresas e consumidores, é possível combater a poluição plástica nos oceanos e preservar esse importante ecossistema para as gerações futuras. Medidas como a redução do consumo de plástico, a implementação de políticas de reciclagem e a conscientização da população são essenciais para enfrentar esse desafio ambiental. Considerando que o oceano é uma fonte fundamental de alimento para o planeta, protegê-lo é uma responsabilidade de todos.