Estudo revela alto índice de depressão e ansiedade entre médicos brasileiros, levantando preocupações sobre a saúde mental da categoria

De acordo com um estudo publicado em 2022, quase 70% dos médicos brasileiros já apresentaram sinais de depressão em algum momento de suas carreiras. Além disso, a pesquisa indicou que 80% dos profissionais apresentam sintomas de ansiedade e 62% já tiveram sinais de síndrome de burnout, esgotamento físico e mental.

Esses números acendem um sinal de alerta na comunidade médica, uma vez que profissionais sob altas condições de estresse e ansiedade podem ter mais dificuldade para cuidar da população. Pensando nisso, o Centro Universitário FMABC, em Santo André (SP), criou em 2010 o projeto “Médico saudável = paciente seguro”, que visa prevenir problemas dessa natureza e promover o autocuidado com a saúde mental para alunos do último ano do curso de medicina.

O projeto se baseia no conceito do “Big Four”, que são quatro hábitos que indicam como cada indivíduo está cuidando de sua saúde mental. Esses hábitos incluem alimentar-se de forma saudável, praticar atividade física regularmente, utilizar ferramentas para cuidar do estresse e manter uma boa qualidade do sono.

Segundo o médico Sérgio Baldassin, um dos líderes do projeto e professor de psiquiatria e psicologia da FMABC, é comum ver médicos que subestimam os cuidados com a própria saúde. Por isso, é importante valorizar esses pontos desde o início da graduação. Ele afirma que médicos menos saudáveis e desequilibrados emocionalmente tendem a atender pior e podem causar atendimento menos seguro aos pacientes. Além disso, podem fazer com que os pacientes rodem pelos sistemas de saúde por mais tempo até acharem o tratamento correto.

O psiquiatra ressalta que, atualmente, há um esforço maior das instituições para ampliar as discussões e estudar o tema da saúde mental, especialmente após a pandemia, que intensificou as crises. Segundo ele, há muitos casos de transtornos mentais incapacitantes não comunicáveis, como depressão e ansiedade, que afetam muitos médicos. Ele ainda destaca que por volta dos 40 anos, muitos profissionais sofrem crises devido aos grandes dramas da saúde com os quais lidam diariamente.

O desafio, segundo Baldassin, é promover formação e treinamento para alertar sobre esses pontos cegos e diminuir os sintomas de ansiedade e depressão. Assim, é fundamental destacar a importância do autocuidado e da saúde mental para os profissionais da área da saúde, a fim de garantir um atendimento de qualidade e seguro para a população.

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