Segundo Santos, as hidrelétricas, até então, eram vistas como fontes de energia limpa, sem emissão de poluentes. No entanto, as pesquisas realizadas pela equipe da Coppe mostraram que os reservatórios das hidrelétricas também emitem gases causadores do efeito estufa, como CO2, metano e óxido nitroso. O estudo analisou os processos de decomposição da matéria orgânica no fundo dos reservatórios, que resultam na produção desses gases.
Durante o trabalho de campo realizado pela equipe da Coppe, foram analisadas amostras em diferentes pontos da Bacia do Xingu e do reservatório de Belo Monte, no Pará, onde a usina está instalada. Os resultados das medições de gases de efeito estufa foram comparados com estudos do ciclo do carbono em reservatórios de hidrelétricas, e os pesquisadores concluíram que Belo Monte possui uma baixa intensidade de emissões em relação à quantidade de energia gerada pela usina.
O professor Marco Aurélio Santos destacou a importância de se realizar um inventário nacional das emissões de gases de efeito estufa dos reservatórios hidrelétricos no Brasil, a fim de compreender melhor o impacto ambiental dessas usinas. Ele ressaltou que as hidrelétricas desempenham um papel importante na geração de energia limpa e renovável, tornando-se uma opção viável para o país.
Portanto, o estudo realizado pela Coppe/UFRJ mostrou que Belo Monte é uma das hidrelétricas mais eficientes do Brasil em termos de emissões de gases poluentes, contribuindo para a geração de energia sustentável no país. A usina, que entrou em operação plena em novembro de 2019, representa um avanço no setor energético brasileiro, mostrando que é possível conciliar desenvolvimento com preservação ambiental.
