Os gafanhotos do deserto são uma praga para os agricultores do norte da África, do Oriente Médio e do sul da Ásia por milênios. De acordo com o estudo, o aquecimento causado pelo homem está influenciando o habitat dos gafanhotos e intensificando as chuvas esporádicas, o que poderia expor novas porções da região a infestações em potencial. O aumento das áreas sujeitas à invasão dos gafanhotos é um alerta para países que já enfrentam extremos climáticos como secas, inundações e ondas de calor.
Além disso, outros cientistas destacaram que a mudança climática está afetando os gafanhotos de outra maneira. Com o planeta se aquecendo, áreas áridas podem se tornar muito quentes e secas até mesmo para os gafanhotos, deixando territórios menores nos quais poderiam se multiplicar e se reunir. Essa mudança poderia facilitar o uso de pesticidas para interromper surtos antes que se transformem em pragas generalizadas.
O estudo também ressalta que as invasões de gafanhotos, que em alguns lugares mais pobres do planeta, são mais conhecidas como uma forma de punição divina, mas os cientistas há muito tempo entendem que as vidas dos insetos estão intimamente ligadas ao clima e à ecologia.
Xiaogang He e seus colegas utilizaram modelagem matemática para examinar como fatores climáticos moldam as invasões de gafanhotos em grandes áreas. Eles observaram que o momento em que ocorrem as chuvas sazonais na região pode determinar que lugares distantes estejam em risco desproporcional de experimentar enxames ao mesmo tempo. Da mesma forma, os cientistas conseguiram prever como o aquecimento global poderia mudar o cenário, estimando que a área total dos insetos pode se expandir de 5% a 25% até 2100.
Além do clima e da ecologia, as condições sociopolíticas também são consideradas outro fator importante por trás dos riscos de gafanhotos. Países mais estáveis melhoraram seu monitoramento e gerenciamento de gafanhotos, demonstrando um progresso significativo.
