Segundo a secretaria, o objetivo é implementar um pacote de tecnologia para tornar as escolas mais modernas e atrativas aos estudantes. Inicialmente, Feder anunciou que usaria apenas material didático digital criado por sua equipe, abrindo mão dos livros fornecidos pelo governo federal. No entanto, devido às críticas e à abertura de um inquérito pelo Ministério Público, a gestão Tarcísio voltou atrás parcialmente e decidiu manter o material impresso.
Feder, que é formado em administração e atuou por 15 anos como CEO da Multilaser, empresa de tecnologia, defende que o trabalho dos professores seja acompanhado por métricas. Por isso, aposta nas plataformas digitais para monitorar as atividades nas escolas.
Segundo o Censo Escolar 2022, a maioria das escolas estaduais de São Paulo tem acesso à internet. No entanto, dados do Mapa da Conectividade na Educação mostram que a velocidade da internet é considerada boa ou ótima em apenas 4,4% das unidades de ensino, enquanto em 66,2% a velocidade é ruim ou péssima. Além disso, a secretaria admite que não possui computadores suficientes para todos os estudantes.
Desde que assumiu o cargo, Feder anunciou a utilização de vários aplicativos nas escolas, como o Aluno Presente, para registrar as faltas dos estudantes, e o aplicativo da Prova Paulista, para a aplicação de simulados. No entanto, esses aplicativos têm apresentado problemas técnicos, o que tem causado atrasos e dificuldades para os professores.
A partir deste segundo semestre, a secretaria exigiu o uso de mais cinco plataformas nas escolas, incluindo o Tarefa SP, para encaminhar tarefas aos alunos, e o Leia SP, para incentivar a leitura. No entanto, os professores reclamam que a implementação dessas plataformas não leva em consideração a realidade e as necessidades das escolas e que elas acabam limitando a autonomia dos professores.
A ex-secretária de Educação, Rose Neubauer, afirma que as ferramentas digitais podem ser benéficas para o ensino, mas é necessário apresentar resultados e evidências de seus benefícios. Além disso, é importante que essas ferramentas sejam integradas aos recursos tradicionais, como livros e apostilas.
A secretaria não divulgou os custos dessas plataformas nem explicou como foram escolhidas as empresas que estão oferecendo esses serviços. A pasta afirmou que os professores e alunos possuem metas pedagógicas a serem alcançadas, mas não serão punidos caso não as atinjam. Algumas das plataformas são desenvolvidas pela própria secretaria, enquanto outras são oferecidas por empresas. A equipe da Folha tentou contato com essas empresas, mas ainda não recebeu resposta.