O importante, nesse contexto, não é ter uma identidade própria e positiva, mas sim se definir pela negação do outro. Esquerda e direita se alimentam do ódio recíproco e criam bolhas de proteção que impedem a visão da realidade além das trincheiras. Para aqueles que não se encaixam nos extremos, resta apenas escolher o menos pior, um para derrubar o outro.
As mentiras se tornaram parte intrínseca do jogo político. Candidatos distorcem fatos, prometem o impossível e sabem exatamente o que seu público quer ouvir. A mentira se tornou tão comum que já não é mais vista como tal, mas como parte do teatro da política. E, mesmo diante de tanta falsidade, muitos eleitores continuam acreditando cegamente nas histórias apresentadas, como se fossem verdades absolutas.
A filósofa Hannah Arendt já alertava para o fato de que a indignação moral não é suficiente para erradicar a mentira na política. O ceticismo em relação aos políticos não impede que campanhas toscas e inconsistentes se proliferem, refletindo a preferência pelo bizarro que parece ter se enraizado na sociedade brasileira. O “voto protesto” pode até trazer resultados inesperados, colocando candidatos inusitados em posições de poder.
Diante desse cenário caótico e desafiador, surge a necessidade de repensar o sistema eleitoral brasileiro. Seria a alternativa do “voto contra” uma solução viável para evitar ter que escolher entre candidatos ruins? Será que algum candidato conseguiria atrair mais votos a favor do que contra? Essas são questões que permeiam as mentes dos eleitores cansados de lidar com a política baseada em mentiras e discórdias. No final das contas, a busca por uma democracia mais justa e transparente é um desafio que se impõe a todos os brasileiros.






