Contrariando as expectativas do mercado, o economista-chefe global do Andbank, Àlex Fusté, acredita que os Estados Unidos manterão os juros altos até o final de 2024. Para ele, a resiliência da atividade econômica impedirá que a inflação nos Estados Unidos e na Europa retorne rapidamente ao centro da meta de 2%. Além disso, Fusté destaca o risco de uma crise energética devido à guerra entre Israel e o Hamas, o que poderia levar a uma escalada nos preços do petróleo.
Em relação à política monetária americana, o economista argumenta que o Federal Reserve (Fed) não terá pressa de cortar os juros, mesmo após dados mais fracos do mercado de trabalho. Ele também ressalta a importância de o Brasil demonstrar compromisso com a responsabilidade fiscal em um momento de discussão sobre a meta de zerar o déficit das contas primárias no próximo ano.
Fusté também comenta sobre a situação no Oriente Médio, comparando-a ao episódio vivido em 1973, quando um ataque surpresa a Israel desencadeou uma crise energética. Ele ressalta a necessidade de estar atento e cruzar os dedos para superar o atual conflito com o mínimo de custo, destacando a importância de um esforço pacificador por parte dos Estados Unidos na região.
Sobre a política monetária nos Estados Unidos, o economista acredita que cortar as taxas será difícil, uma vez que tanto o Fed quanto o Banco Central Europeu (BCE) sugerem que chegaram a uma taxa suficientemente alta para deixá-la assim por um longo período. Ele também descarta a possibilidade de um último ajuste nos juros no curto prazo.
Quanto à Europa, Fusté acredita que o ciclo de alta dos juros já chegou ao fim, destacando a estratégia histórica dos países europeus de querer que o Fed “faça o trabalho sujo”. Ele também ressalta a incerteza em relação ao tempo que levará para a inflação voltar ao centro da meta de 2% nos Estados Unidos e na Europa, apontando que pode ser um processo mais demorado do que as pessoas esperam.
Em relação às economias emergentes, o economista destaca que países como México e Brasil estão preparados para lidar com o contexto de inflação mais alta nas economias desenvolvidas, desde que mantenham o controle da inflação e das finanças públicas. Ele alerta para a necessidade de o Brasil demonstrar seu compromisso com a responsabilidade fiscal, lembrando a situação vivida pelo país em 2016, quando o descontrole das finanças públicas resultou em temores de default.