Houve até mesmo conversas sobre regras que poderiam remover Biden da chapa contra sua vontade e substituí-lo antes ou durante a Convenção Nacional Democrata. Alguns doadores se questionavam com quem poderiam entrar em contato na equipe de Biden para chegar até Jill Biden, a primeira-dama, a fim de persuadir o presidente a não concorrer.
A inquietação dos doadores se refletiu em decisões práticas, como a desistência de um evento de angariação de fundos que um doador do Vale do Silício planejava sediar com o presidente. Além disso, um importante doador da Califórnia saiu mais cedo de uma festa para assistir ao debate, enviando um e-mail a um amigo descrevendo a situação como um “desastre total”.
Os democratas envolvidos nas discussões indicaram diferentes abordagens para lidar com a situação, desde intervenções até esperar que Biden tivesse uma epifania e decidisse sair por conta própria. Enquanto alguns defenderam estratégias para direcionar dinheiro a candidatos de nível inferior, outros optaram por esperar por pesquisas para avaliar as consequências da crise.
A preocupação dos doadores veio em um momento crucial para Biden, que viu seu possível rival, o ex-presidente Donald Trump, superá-lo em arrecadação nos últimos dois meses, reduzindo a vantagem financeira do democrata. A campanha de Biden, que tinha uma vantagem inicial de US$ 100 milhões sobre Trump, entrou em junho com US$ 212 milhões em caixa, em comparação com os US$ 235 milhões da operação de Trump.
Diante da reviravolta nas finanças, a equipe de Biden planejou uma série de ações para angariar fundos, contando com a participação do presidente, da primeira-dama, da vice-presidente Kamala Harris e de celebridades em eventos destinados a arrecadar recursos nos locais mais ricos. No entanto, o fraco desempenho de Biden no debate gerou dúvidas sobre o sucesso dessas iniciativas de arrecadação.
Embora a campanha de Biden tenha negado qualquer preocupação financeira e anunciado uma arrecadação de US$ 14 milhões em doações online, os principais doadores continuaram em discussões virtuais, ponderando sobre as melhores estratégias para enfrentar a crise. Alguns sugeriram até mesmo líderes do partido que poderiam persuadir Biden a desistir e discutiram substitutos em potencial, como os governadores Gretchen Whitmer e Gavin Newsom.
Enquanto isso, Biden e a primeira-dama tentavam manter uma imagem de normalidade para os doadores, participando de eventos para arrecadar fundos em Nova York e nos Hamptons. Apesar das preocupações e discussões nos bastidores, o presidente continuava sua agenda de angariação de fundos, demonstrando apoio e perseverança diante da turbulência política.