Divergências nas justificativas de cancelamentos de voos afetam regularidade das companhias nas pontes aéreas de Congonhas e Santos Dumont

No ano passado, as companhias aéreas que operam na ponte aérea entre Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, apresentaram justificativas divergentes para mais de um terço dos voos cancelados nessa rota. Essa informação foi revelada por um levantamento realizado pela Folha, destacando a falta de uniformidade nos motivos apontados pelas empresas para o cancelamento de voos.

Essas divergências nas justificativas têm impacto direto no cálculo do índice de regularidade cobrado das companhias no uso de slots nos dois aeroportos, que são considerados os mais congestionados e disputados do Brasil. Toda rota de voo utiliza dois slots, um no aeroporto de partida e outro no de chegada, e a não utilização desses slots pelas companhias aéreas gera a necessidade de apresentar justificativas.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) exige das empresas um índice de utilização de 80% dos slots, porém, cancelamentos por motivos como condições climáticas adversas não entram nesse cálculo. Apesar disso, a Anac, a Infraero e a Aena (concessionária de Congonhas) declararam não possuir uma rotina de fiscalização das justificativas apresentadas pelas empresas.

As divergências nas justificativas apresentadas pelas companhias aéreas afetam diretamente a pontuação do índice de regularidade. Em alguns casos, a justificativa apresentada em um aeroporto pode ser abonável para a pontuação, enquanto a outra não é. Isso levanta questões sobre a transparência e a padronização das informações prestadas pelas empresas.

O advogado Thiago Valiati aponta a falta de critérios claros na norma da Anac que estabelece as regras para justificar a escolha dos códigos de cancelamento. Essa lacuna pode levar à má utilização dos códigos pelas empresas aéreas, o que pode distorcer o cálculo do índice de regularidade e prejudicar a concorrência no setor.

Em meio a essas divergências, as empresas aéreas se defendem, alegando que os cancelamentos podem ser causados por uma “efeito cascata” de eventos anteriores, como atrasos ou problemas técnicos. No entanto, a falta de fiscalização e padronização na atribuição das justificativas levanta preocupações sobre a transparência e a equidade na utilização dos slots nos aeroportos da ponte aérea.

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