Em um comunicado oficial, as dissidências que se afastaram dos acordos de paz de 2016 assinados pela maioria das antigas Farc informaram que não realizarão operações militares ofensivas contra a força pública em Cali durante o período entre 11 de outubro e 6 de novembro. O comandante Andrés Patiño, do Estado-Maior Central, reforçou essa decisão em um vídeo divulgado nas redes da organização, onde aparece ao lado de outros membros armados com fuzis.
Essas dissidências expressaram a importância de liderar discussões ambientais internacionalmente enquanto buscam promover a paz internamente, destacando a incoerência do militarismo em um momento de relevância ambiental. Nos meses que antecederam a cúpula de biodiversidade, bairros próximos a Cali têm sofrido com a violência causada pelos rebeldes.
Desde meados de 2023, áreas nos departamentos do Valle del Cauca e de Cauca têm enfrentado um aumento significativo nos números de crimes violentos, como homicídios e extorsões, em decorrência da presença desses rebeldes. A cidade de Jamundí, com cerca de 130 mil habitantes e situada próxima à sede da COP16, tem sido uma das mais afetadas pelos ataques armados e conflitos.
Apesar das ameaças, o comitê organizador da cúpula garantiu que a segurança do evento será prioridade, contando com um amplo esquema de defesa e inteligência envolvendo mais de 10 mil militares uniformizados e apoio de organizações como Interpol, Europol e Ameripol. A presença de chefes de Estado de cerca de 90 países está confirmada, e o prefeito de Cali, Alejandro Eder, expressou confiança na realização bem-sucedida da COP16.
O líder das dissidências envolvidas na trégua, Iván Mordisco, abandonou as negociações de paz em abril, o que resultou em uma divisão no EMC. Enquanto metade do grupo permaneceu nos diálogos, a outra intensificou os ataques, especialmente nas proximidades de Cali. A relação entre questões ambientais e militarismo tem sido um tema central para esses guerrilheiros, que criticam a postura do presidente Gustavo Petro em relação à proteção da natureza.
Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, tem trabalhado para encontrar soluções negociadas para o conflito armado que assola o país há décadas. Seu governo mantém negociações de paz tanto com os dissidentes das Farc quanto com a guerrilha do ELN, buscando caminhos para superar um histórico de violência e sofrimento que afetou milhões de vítimas.






