Os números da pesquisa mostram uma clivagem significativa entre os eleitores brasileiros, com 90,4% dos que apoiaram Jair Bolsonaro declarando desconfiança no STF, enquanto 90,5% dos eleitores de Lula afirmam confiar na corte. Essa divisão reflete a polarização política que tem se intensificado nos últimos anos e que influencia diretamente a percepção da população em relação ao Judiciário.
No Brasil, o processo de judicialização da política tem se acentuado, em parte devido a uma Constituição ampla que abarca uma grande variedade de questões, levando a um aumento da litigiosidade constitucional. Além disso, a crescente delegação de atribuições políticas ao STF e a dificuldade do sistema político em resolver conflitos internos têm elevado a importância e a visibilidade do tribunal.
Para manter sua autoridade e cumprir sua função de guardião da Constituição, o Supremo precisa reconquistar a confiança da sociedade e dos atores políticos. Isso pode ser feito através do aprimoramento do processo decisório, da redução do protagonismo individual dos ministros, da estabilização da jurisprudência e da formulação de uma doutrina clara de autocontenção em relação aos demais Poderes.
Além disso, é essencial que o STF estabeleça regras de conduta e políticas de comunicação para transmitir transparência e imparcialidade à sociedade. Em um momento em que a democracia está sob ataque, é fundamental que o tribunal preserve sua integridade e atue como uma trincheira na defesa dos princípios democráticos.
Diante desse panorama, é crucial que o Supremo Tribunal Federal se fortaleça institucionalmente e trabalhe para reconquistar a confiança da população, garantindo assim sua relevância e legitimidade no atual contexto político brasileiro.