Desastre em comunidade rural do Amazonas deixa duas mortas e alerta sobre negligência em medidas de prevenção ao deslizamento de terra

No interior do estado do Amazonas, na comunidade rural do Arumã, um deslizamento de terra ocorrido no último sábado (30) deixou duas pessoas mortas e centenas de pessoas afetadas. Esse desastre era uma possibilidade identificada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) desde 2014, quando o órgão emitiu recomendações às autoridades locais para conter os riscos. No entanto, as medidas necessárias não foram tomadas e agora a comunidade enfrenta as consequências.

A erosão causada pelo deslizamento destruiu 45 casas e colocou outras 30 em risco. Isso se deve ao agravamento da seca que atinge a região, tornando o solo instável e propenso a deslizamentos de terra. Em 2014, a Defesa Civil do Amazonas realizou capacitações e orientações com base no relatório do SGB, visando a implementação do Plano Nacional de Contingência de Proteção e Defesa Civil. No entanto, o órgão afirma que não houve sinalização por parte da prefeitura de Beruri para a adoção de medidas de contenção.

A prefeitura, por sua vez, ainda não se manifestou sobre o ocorrido. A prefeita Maria Lucir dos Santos (MDB), conhecida como Dona Maria, decretou situação de emergência somente nesta quarta-feira (4). Até agora, foi confirmada a morte de uma criança de seis anos e de uma adolescente de 16, e outras três pessoas estão desaparecidas.

Em um laudo elaborado nove anos atrás, pesquisadores do SGB já haviam sugerido a realização de obras de contenção na localidade e a implantação de um sistema de drenagem pluvial para evitar deslizamentos. Além disso, o documento ressalta que a comunidade do Arumã já tinha sido afetada por deslizamentos anteriormente.

Não é apenas essa comunidade que enfrenta o risco de deslizamentos de terra no estado do Amazonas. Segundo os pesquisadores, há 361 áreas de risco hidrológico e geológico em todo o estado, sendo que 119 estão relacionadas a deslizamentos. Esses desastres naturais ocorrem principalmente durante o período de estiagem.

A seca severa na região do Amazonas levou o governo estadual a decretar situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado. O governo federal também anunciou medidas de socorro, como apoio na distribuição de cestas básicas. A falta de acesso a alimentos, transporte e medicação tem deixado comunidades isoladas e têm ocorrido mortandade de peixes e animais em várias regiões.

O presidente Lula (PT) estima que cerca de 500 mil pessoas serão afetadas pela seca no Norte este ano. Para minimizar os problemas causados pela falta de água nos rios, o governo federal destinou R$ 138 milhões para obras de dragagem. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) visitou Manaus nesta quarta-feira (4) e anunciou medidas como dragagem de rios e antecipação de benefícios sociais. No entanto, a população aguarda por ações concretas para enfrentar essa situação de emergência.

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