Desaparecidos políticos: 364 casos ainda sem respostas após 60 anos do golpe de 1964 no Brasil

Há 60 anos, o golpe de 1964 marcou profundamente a história do Brasil, deixando marcas que perduram até os dias atuais. Neste domingo (31), a data é lembrada com a constatação de que 364 pessoas continuam desaparecidas politicamente, sem que seus familiares ou o governo saibam o paradeiro ou o destino de seus corpos.

Apesar do reconhecimento oficial do Estado brasileiro sobre as mortes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura militar, muitas lacunas ainda persistem. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), responsável pela identificação das vítimas e busca pelos corpos, foi desativada no governo de Jair Bolsonaro e até o momento não foi retomada pelo presidente Lula, que havia prometido durante a campanha eleitoral.

Criada a partir da Lei nº 9.140 de 1995, a CEMDP é subordinada ao Ministério dos Direitos Humanos e tem a atribuição de investigar e esclarecer os casos de desaparecimentos políticos ocorridos durante o regime militar. No entanto, a demora na retomada das atividades da comissão tem gerado críticas e indignação por parte de especialistas e familiares das vítimas.

O presidente Lula, por sua vez, tem adotado uma postura cautelosa em relação ao tema, evitando reavivar os traumas do passado e focando mais no presente e no futuro. No entanto, especialistas alertam que a preservação da memória e a busca pela verdade são fundamentais para garantir a justiça, a democracia e a não repetição dos horrores do passado.

Para Diva Santana, ex-integrante da Comissão de Mortos e Desaparecidos e familiar de desaparecidos políticos, a demora na retomada dos trabalhos da comissão é uma afronta à democracia e ao direito à memória. Ela ressalta a importância de reconhecer o passado para construir um futuro mais justo e digno para todos os brasileiros.

Diante desse cenário, a sociedade aguarda ansiosamente pela retomada das atividades da CEMDP e pelo cumprimento da lei que determina a busca pela verdade, justiça e reparação das vítimas da ditadura militar. A memória daqueles que foram silenciados e o direito de seus familiares em saber a verdade sobre o que lhes aconteceu não podem ser ignorados ou esquecidos. É hora de o Brasil enfrentar seu passado de forma justa e respeitosa, garantindo que os horrores do regime militar não se repitam e que a democracia seja fortalecida.

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