Essas projeções são mais um alerta para a indústria de petróleo e gás, após a AIE surpreender o setor em 2021 ao afirmar que não há espaço para novos projetos de exploração. As tensões aumentaram recentemente, com o cartel da Opep acusando a agência de alimentar a “volatilidade” e afastar investidores.
A AIE reiterou sua posição mesmo diante das tentativas da indústria de minar suas projeções, afirmando que novos campos de petróleo e gás enfrentam grandes riscos comerciais diante da queda na demanda. No entanto, a agência alertou que a expansão das energias limpas precisa acompanhar a redução dos combustíveis fósseis para evitar escassez de energia e aumentos de preços.
Fatih Birol, diretor-executivo da AIE, destacou que mesmo com a transição para energias mais limpas, ainda será necessário o uso de alguns combustíveis fósseis até 2030. Portanto, os governos devem fornecer um quadro adequado para garantir uma transição suave.
A AIE foi fundada na década de 1970 após os embargos de petróleo árabes e tem como objetivo fornecer aconselhamento em segurança energética. Suas projeções são baseadas em seu último relatório, que analisa o caminho para alcançar emissões líquidas zero até 2050.
Essa transição é considerada crucial para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais até 2050, uma meta estabelecida pelo Acordo de Paris de 2015, assinado por quase 200 países.
De acordo com a AIE, “ações rigorosas e eficazes” impulsionariam a implantação de energia limpa e reduziriam a demanda por combustíveis fósseis em mais de 25% até 2030 e 80% até 2050. Isso resultaria em uma queda significativa na demanda por petróleo e gás natural.
A agência observou que houve avanços positivos nos últimos anos, como a rápida adoção de painéis solares e veículos elétricos. No entanto, ela pediu ações mais ousadas e maiores investimentos em energia limpa para acelerar a transição e evitar custos significativos no futuro.
Segundo a AIE, avançar lentamente poderia resultar em custos anuais de até US$ 1,3 trilhão para remover as emissões de dióxido de carbono do ar após 2050. Portanto, é necessário uma cooperação internacional estreita para enfrentar esse desafio.
O diretor-executivo da agência também criticou a decisão do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, de adiar a proibição da venda de carros a gasolina e diesel até 2035. Birol afirmou que as economias avançadas devem liderar e aumentar a ambição em relação às metas climáticas.
Em resumo, a AIE enfatizou a necessidade de uma transição acelerada para fontes de energia limpa a fim de alcançar as metas de emissões líquidas zero. A demanda por combustíveis fósseis deve diminuir consideravelmente nos próximos anos, e políticas rigorosas e eficazes são necessárias para impulsionar essa transição. O investimento em energia limpa também precisa aumentar significativamente para evitar custos maiores no futuro.