Segundo o sociólogo Victor Marchezini, do Cemaden, a falta de capacitação e de continuidade nas equipes responsáveis pelas defesas civis é um problema recorrente. Muitas vezes, as pessoas que ocupam esses cargos não são servidores públicos e mudanças frequentes podem comprometer a eficácia das ações. Além disso, a falta de articulação entre os municípios dificulta a resposta coordenada a eventos que afetam mais de uma região, como foi o caso recente no Rio Grande do Sul.
Diante desse cenário, o Brasil tem buscado estimular a criação de Planos Municipais de Redução de Risco (PMRR) para mapear e enfrentar os riscos geológicos e hidrológicos em diferentes regiões do país. O primeiro plano, para a cidade de Paulista, em Pernambuco, foi finalizado neste mês como parte dos esforços do Governo Federal para financiar 200 PMRR até 2026.
Apesar dos avanços representados por essa iniciativa, o país ainda precisa lidar com uma série de desafios, incluindo a necessidade de políticas públicas contínuas, financiamento adequado aos municípios, cumprimento efetivo dos planos de redução de risco e investimentos em planejamento urbano e habitação de qualidade. A resiliência comunitária também é ressaltada como fundamental para lidar com desastres naturais e promover a recuperação das áreas atingidas.
Em suma, o Brasil enfrenta um longo caminho para superar as cicatrizes deixadas por tragédias ambientais passadas e fortalecer sua capacidade de resposta a eventos futuros. A cooperação entre poder público, comunidades e setor privado é essencial para garantir a segurança e bem-estar da população diante dos desafios climáticos cada vez mais intensos e frequentes.