Logo após a divulgação do vídeo, as redes sociais e os jornais foram inundados com especulações sobre a possível localização da arca de Noé, do relato bíblico do Gênesis. Essa busca incessante por evidências concretas do dilúvio é um fenômeno recorrente, com expedições arqueológicas anunciando pistas extraordinárias que acabam se revelando ilusórias.
No entanto, as descobertas apresentadas por Finkel no vídeo do Museu Britânico têm pouco a ver com Noé. Na verdade, elas se baseiam em estudos anteriores do professor, publicados em seu livro “The Ark Before Noah”, lançado há dez anos.
A primeira descoberta remonta a 1985, quando um tablete de argila com inscrições cuneiformes foi levado ao museu por um militar britânico. Nesse tablete, Finkel identificou instruções detalhadas dadas pelo deus Ea a Atra-hasis para a construção de uma arca redonda, diferente da arca quadrada mencionada na famosa Epopeia de Gilgamesh.
Outra descoberta notável foi a identificação de um fragmento que completava um antigo mapa-múndi datado do século 6º a.C. Esse fragmento permitiu a Finkel localizar a montanha mencionada no mapa como o Monte Ararat, associado ao relato do dilúvio mesopotâmico.
Apesar das conexões indiretas com o dilúvio bíblico de Noé, as descobertas de Finkel reforçam a ideia de que a narrativa do dilúvio do Gênesis foi influenciada pelos textos mesopotâmicos. Esses achados demonstram a complexa relação entre as diferentes tradições literárias da antiguidade e contribuem para ampliar nosso entendimento sobre um dos mitos mais antigos da humanidade.