Decano do Supremo propõe “conciliação e composição” em conflitos de terras indígenas, levantando preocupações sobre a atuação do STF.

Recentemente, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, expressou seu entusiasmo em relação a uma iniciativa do Supremo Tribunal Federal (STF) de buscar conciliação e composição em questões de inconstitucionalidade ao invés de simplesmente anular as decisões aprovadas pelo Congresso. Essa postura foi recebida com ainda mais entusiasmo por aqueles que adquiriram terras indígenas ilegalmente ao longo dos anos.

A Constituição de 1988 reconhece os direitos originários dos povos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam, estabelecendo que essas terras são inalienáveis e indisponíveis. No entanto, a tese do marco temporal foi formulada como uma maneira de restringir esses direitos, alegando que os indígenas não exerciam domínio sobre as terras em questão em 5 de outubro de 1988.

Após mais de uma década de debate, o STF declarou a tese do marco temporal incompatível com a Constituição Federal, ressaltando que qualquer tentativa de diminuir os direitos fundamentais dos indígenas configura uma afronta à Carta Magna. Em resposta a essa decisão, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei restabelecendo a tese do marco temporal, o que levou à proposição de uma PEC para inserir essa tese na própria Constituição.

Nesse contexto, o decano do STF propôs um processo de conciliação e composição de interesses relacionados a conflitos fundiários indígenas, gerando preocupações quanto à ampliação dos poderes do tribunal e à flexibilização de direitos constitucionais. A proposta de transformar o STF em uma mesa de conciliação onipotente poderia colocar em risco direitos fundamentais de minorias vulneráveis e abrir um perigoso precedente para a flexibilização de outros direitos previstos na Constituição.

Caso o STF assuma funções governativas, fica a questão de quem garantirá a aplicação da lei e a proteção dos direitos fundamentais daqueles que estão sob ameaça. A proposta de centralização de poder no Supremo levanta questionamentos sobre a separação dos poderes e a proteção dos mais vulneráveis na sociedade.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo