O debate foi realizado a pedido do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e da senadora Leila Barros (PDT-DF). O presidente da comissão, senador Flávio Arns (PSB-PR), também apresentou um requerimento com a mesma finalidade.
Alessandro Vieira reconheceu a dificuldade em ocupar espaços pelas mulheres, especialmente na área acadêmica. Ele afirmou que o Senado não é exceção, mas um exemplo desse desequilíbrio de representação de gênero. O senador ressaltou que a solução para esse problema requer ação tanto do Parlamento quanto da sociedade civil, destacando a importância das audiências públicas.
O senador Paulo Paim (PT-RS), que presidiu o debate, criticou a cultura do preconceito contra as mulheres. Ele mencionou a Comissão de Direitos Humanos (CDH), que ele preside, como exemplo por ter a maioria composta por mulheres. Paim aproveitou para defender a política de cotas como forma de democratizar o acesso às universidades.
Durante a audiência, diversas participantes destacaram a existência de um desequilíbrio de gênero no ambiente acadêmico. Maria do Socorro Silva, diretora de Políticas de Educação do Campo e Educação Escolar Indígena do MEC, ressaltou que as demandas de gênero dentro das universidades eram invisíveis até recentemente. Ela enfatizou que, apesar das políticas públicas implementadas, ainda existem muitas práticas sexistas que prejudicam a permanência das mulheres no ambiente acadêmico.
Débora Peres Menezes, diretora do CNPq, destacou o desequilíbrio de gênero no campo das ciências exatas. Ela lembrou que, durante o período imperial, houve uma lei que restringia o acesso das meninas às disciplinas de matemática.
Para enfrentar a sub-representatividade feminina, Marcia Rangel Candido, coordenadora do Gemaa, sugeriu o direcionamento de políticas públicas com base em gênero e raça, lançamento de editais especiais para financiar pesquisas de grupos sub-representados na ciência e a indicação de mulheres e homens negros para cargos de liderança na comunidade científica.
Luciana da Conceição Santana, professora da Universidade Federal de Alagoas e representante da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC), propôs a criação de um grupo de trabalho interministerial, com a participação da sociedade, para enfrentar a desigualdade de gênero nas universidades e pensar em medidas para garantir a permanência das mulheres no ambiente acadêmico.
Diversas outras participantes também expuseram suas preocupações e demandas. Ana Priscila Alves, vice-presidente da ANPG, pediu o apoio do Senado para a criação de creches dentro das universidades. Braulina Baniwa, diretora-executiva da ANMIGA, lamentou o preconceito enfrentado pelas mulheres indígenas nas universidades. Fernanda da Fonseca Sobral, secretária da SBPC, defendeu a diversidade na academia.
A audiência pública foi fundamental para ampliar o debate sobre a permanência das mulheres no ambiente acadêmico e para trazer propostas de ações que possam ser implementadas para garantir a igualdade de oportunidades. É necessário que a sociedade e o Legislativo se mobilizem para promover mudanças efetivas e combater as desigualdades presentes nesse campo. A diversidade é um componente essencial para uma academia mais justa e democrática.