A pesquisa foi realizada com 2.019 pessoas economicamente ativas, acima de 16 anos, em cidades brasileiras com mais de 250 mil habitantes. O questionário foi aplicado entre os dias 1º e 5 de abril deste ano, e a margem de erro é de 2 pontos percentuais.
O levantamento apontou que o lado profissional é o mais afetado pelo tempo gasto no transporte. Dos entrevistados, 60% relataram atrasos para o trabalho, e uma parte considerável afirmou ter deixado de aceitar ofertas de emprego (32%) ou trocado de emprego (10%) devido ao percurso.
Um exemplo dessa realidade é o caso de Luis Fernando, um jovem de 24 anos que mora em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. Ele leva três horas diárias para ir e voltar da faculdade, localizada no centro da cidade. Luis enfrenta ônibus lotados e a superlotação da linha 3-vermelha do metrô, o que afeta sua qualidade de vida.
O tempo de locomoção aumentou para 29% dos entrevistados após a pandemia, devido à diminuição da frota. Rafael Castelo, professor de engenharia da PUC-SP, explica que o isolamento social causou uma impressão de maior eficiência no transporte, mas atualmente há superlotação. Ele ressalta que o problema é sistêmico nas grandes cidades, já que automóveis, ônibus e motos disputam o mesmo espaço nas ruas, gerando um aumento do trânsito e das lentidões.
Um estudo anterior realizado pela CNI mostrou que a preferência nacional é utilizar carros por aplicativo em vez dos serviços públicos de transporte. Segundo esse levantamento, 64% dos usuários consideram o serviço oferecido por empresas como Uber e 99 como bom ou ótimo, enquanto o metrô é o segundo melhor avaliado, com 58% de aprovação. O ônibus ficou em último lugar, com apenas 29% de avaliações positivas.
Apesar dessa preferência pelos transportes individuais, o ônibus é o meio de transporte coletivo mais utilizado diariamente pela população, sendo utilizado por metade dos entrevistados. No entanto, também é o transporte com maior quantidade de reclamações, como falta de segurança, excesso de passageiros, frota insuficiente e atrasos.
A pesquisa também evidenciou a insatisfação em relação à gestão pública de mobilidade urbana. Para 57% dos entrevistados, o planejamento dos governos municipais e estaduais é insuficiente, enquanto apenas 16% julgam haver uma organização avançada.
Essas informações revelam a necessidade de investimentos e melhorias no sistema de transporte público, a fim de reduzir o tempo de deslocamento e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. O transporte eficiente é essencial para garantir o acesso a oportunidades de trabalho, estudo e lazer, além de contribuir para a redução do estresse e aumento da satisfação da população.