Crise no Irã: filme “The seed of the sacred fig” expõe realidade política do país e equipe corre perigo

O Festival de Cannes, conhecido por ser o palco de desfiles de estrelas e frivolidades, surpreende ao se tornar uma plataforma política global em determinadas circunstâncias. Este ano, um dos filmes que tem chamado a atenção é “The Seed of the Sacred Fig”, filmado clandestinamente no Irã. O diretor alertou que tanto atores quanto equipe enfrentam sérios perigos, já que grande parte permaneceu no país durante as filmagens.

A trama do filme gira em torno de um juiz recém-promovido aos tribunais revolucionários islâmicos, considerados os mais temidos do Irã, e sua família. A produção de Rasoulof, finalizada recentemente, retrata de forma contundente a realidade do país, especialmente após as manifestações violentamente reprimidas desde a morte da jovem Mahsa Amini, detida por suposto desrespeito às normas de vestimenta.

Com uma duração de 2h45, o filme mergulha na angustiante jornada do juiz Imán, que se vê dividido entre as exigências repressivas do regime e a crescente consciência de suas filhas sobre a situação nas ruas. A história se desenrola em meio ao contexto de tensão política e social que tem marcado o Irã nos últimos tempos.

A 75ª edição do Festival de Cannes não só celebra o cinema e os talentos da sétima arte, mas também se posiciona como um espaço para reflexões e debates sobre questões urgentes da atualidade. O filme “The Seed of the Sacred Fig” representa esse compromisso ao trazer à tona a realidade complexa e muitas vezes sombria do Irã, em meio a um contexto de repressão e resistência. O festival, mais uma vez, mostra sua relevância não apenas como vitrine cinematográfica, mas como um espaço para vozes e histórias que nem sempre têm espaço nos grandes palcos da indústria do entretenimento.

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