Esses acontecimentos se somam a outras notícias desfavoráveis para a indústria nacional do níquel, como as demissões em massa na Atlantic Nickel e a entrada da Horizonte em recuperação judicial antes mesmo de iniciar suas operações no Pará. O cenário para o mercado de níquel no Brasil é desafiador e incerto.
A presidente da Anglo American justificou a decisão de vender as minas de níquel pela necessidade da empresa de focar em metais mais estratégicos para o grupo, como o minério de ferro extraído em Minas Gerais. Já a Vale explicou aos investidores que a diminuição na produção de níquel se deve à venda de parte das ações da empresa em uma mineradora na Indonésia.
A principal razão para a crise na indústria do níquel é atribuída aos baixos preços do mineral nos últimos meses, resultado do aumento da oferta e da diminuição da demanda. Essa situação é paradoxal, especialmente considerando a importância do níquel na transição energética, devido à sua utilização na fabricação de baterias elétricas.
A queda nos preços do níquel foi impulsionada pela Ásia, em especial pela Indonésia, que se tornou líder global na produção do mineral com investimentos chineses. Enquanto a Indonésia extrai 1,8 milhões de toneladas de níquel por ano, o Brasil produziu apenas 89 mil toneladas no último ano.
A descoberta de uma nova rota tecnológica na Indonésia para transformar níquel de baixa qualidade em alto padrão revolucionou o mercado, ampliando a oferta global do mineral. Essa mudança afetou também as decisões de montadoras de veículos elétricos, que optaram por usar baterias sem níquel em sua composição, como as LFP.
Diante desse cenário desafiador, perspectivas de recuperação do mercado de níquel no Brasil surgem com a Brazilian Nickel, uma mineradora britânica que planeja aumentar sua produção do mineral nos próximos anos. A empresa aposta que a demanda por níquel voltará a crescer e busca investidores para expandir suas operações no país.
Em meio a incertezas e desafios, o mercado brasileiro de níquel enfrenta uma fase crítica, mas com possibilidades de recuperação com base em novas tecnologias e demandas futuras por minerais críticos. A indústria aguarda por mudanças que possam impulsionar seu crescimento e retomar o protagonismo no mercado global de níquel.