Ao engravidar da minha filha há treze anos, nunca poderia imaginar que o mundo em que ela cresceria seria tão diferente. A crise climática já está moldando a Terra em uma nova realidade, repleta de incertezas e desafios que afetam diretamente o futuro de nossos filhos.
Desde incêndios que deixaram São Paulo com o pior ar do mundo até inundações em desertos e evacuações por causa de queimadas em diferentes partes do planeta, a mudança climática já está impactando a vida de milhões de pessoas. E, como mãe, não posso ignorar como esses eventos extremos afetarão a saúde e a segurança da minha filha.
A preocupação com a saúde da minha filha em um mundo cada vez mais quente e imprevisível é constante. Seus problemas de saúde já são agravados pelo calor, o que me faz questionar se ela terá a mesma qualidade de vida que eu tive ao crescer na cidade em que nasci. A possibilidade de migração forçada devido aos efeitos do aquecimento global não é algo distante, sendo estimado que aproximadamente 150 milhões de pessoas serão deslocadas até 2050.
Como mãe privilegiada, sei que minha filha poderá ter acesso a recursos para se proteger do calor excessivo, mas a que custo? Como podemos ser felizes em meio à destruição de tantas vidas e ecossistemas ao nosso redor? O desafio de criar uma criança em um mundo tão incerto é angustiante, especialmente quando nos deparamos com a inação e falta de comprometimento no enfrentamento das mudanças climáticas.
Em meio a essas reflexões, surge a questão de como responderemos aos nossos filhos no futuro, quando nos questionarem sobre as decisões que tomamos no presente. A culpa e a solidão da maternidade se misturam com a urgência de agir, de exigir mudanças e de proteger não só os nossos filhos, mas todas as gerações futuras.
A incerteza do futuro climático nos coloca diante de um desafio sem precedentes, que nos obriga a repensar nossas ações e a lutar por um mundo mais sustentável e seguro para os nossos filhos. E, como jornalista e mãe, não posso ignorar a urgência dessa mudança.






