A cidade do Rio de Janeiro lidera o ranking nacional de CEPs com problemas na entrega domiciliar dos Correios, sendo a 10ª capital brasileira nesse quesito. A cidade de São Vicente, no litoral paulista, ocupa o primeiro lugar no ranking, com 62,3% dos endereços sem entrega. No Rio, somando os locais com entrega especial, que geralmente envolve escolta armada e prazos maiores, o número de CEPs com alguma restrição chega a cerca de 43% do total de endereços na cidade.
Surpreendentemente, a maioria dos endereços com restrição na capital fluminense está fora das áreas controladas por milícias ou outras facções criminosas, como Comando Vermelho e ADA (Amigos dos Amigos), de acordo com uma análise feita pelo Instituto Fogo Cruzado e pelo Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos) da UFF. Isso indica que a questão da falta de segurança não está necessariamente relacionada ao controle territorial armado.
Segundo especialistas, as áreas com restrição de entrega estão concentradas em grandes blocos territoriais, nem sempre relacionados ao domínio de grupos armados. Os Correios, por sua vez, afirmam que a definição dos CEPs bloqueados é baseada em estudos internos da empresa, levando em consideração o histórico de ações criminosas contra os Correios nessas áreas.
No entanto, o presidente do sindicato dos trabalhadores dos Correios do Rio, Marcos Sant’Aguida, argumenta que os CEPs bloqueados não estão em áreas dominadas porque os traficantes não permitem esse tipo de crime em suas comunidades. Ele ressalta que as ações criminosas ocorrem principalmente em ruas paralelas às comunidades, onde é mais fácil roubar e entrar.
Em contrapartida, a cidade de São Paulo conseguiu zerar o número de endereços sem entrega domiciliar. Em 2017, a capital paulista tinha 6,5% dos endereços nessa categoria, mas atualmente não há mais registros de lugares com esse tipo de bloqueio. No entanto, as áreas de entrega especial na cidade aumentaram de 27% para 32,2%, enquanto no Rio elas diminuíram de 24% para 16,5%.
Os Correios afirmam que a entrega de encomendas e cartas depende das condições de segurança garantidas pelo poder público local. Em locais sem essas condições, a empresa busca alternativas para realizar as entregas sem arriscar a segurança dos funcionários. Medidas como escolta armada, entrega interna, entrega em dupla, monitoramento de veículos e gerenciamento de riscos são utilizadas para proteger os trabalhadores.
No entanto, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, representantes dos trabalhadores dos Correios expressam preocupação com a falta de segurança e a necessidade de medidas adicionais para proteger os funcionários. Eles destacam a violência constante contra os trabalhadores e pedem um maior investimento em recursos de segurança, como escoltas armadas e câmeras de vigilância.
Em resposta, as autoridades de segurança do Rio de Janeiro e de São Paulo afirmam que estão atuando para combater a criminalidade e aumentar a sensação de segurança da população. A Polícia Militar do Rio destaca a redução dos índices de roubos de cargas na zona norte da capital, enquanto a Secretaria da Segurança Pública paulista afirma que as forças de segurança atuam diariamente em todo o estado, sem restrições de área.
Apesar dos esforços das autoridades e dos Correios, a situação da entrega domiciliar em algumas áreas ainda é alarmante. A falta de segurança urbana continua sendo um desafio para a empresa e para os trabalhadores, que sofrem constantemente com a violência nas ruas. Medidas adicionais e investimentos em recursos de segurança são essenciais para garantir um serviço de entrega eficiente e seguro para todos.