Corte de alimentos em comedores populares gera crise política na Argentina e leva à demissão de secretário do governo Milei

O governo de Javier Milei na Argentina tem sido alvo de duras críticas devido à falta de distribuição de alimentos para os restaurantes populares, conhecidos como comedores. Essa situação gerou uma crise política que resultou na demissão do secretário de Crianças e Adolescentes do Ministério do Capital Humano, Pablo De la Torre, apontado como responsável pela distribuição dos mantimentos.

As acusações de não distribuição dos alimentos levaram o próprio Milei a se pronunciar publicamente, em entrevista à Rádio Mitre, defendendo a ministra Sandra Pettovello e acusando a oposição de tentar derrubá-la. Segundo o governante, as acusações têm o objetivo de intimidar a ministra e sua equipe.

O Ministério de Pettovello se pronunciou afirmando que uma auditoria foi aberta para investigar o caso dos alimentos próximos do vencimento, apontando funcionários por não terem realizado um controle adequado do estoque e validade dos produtos.

A falta de repasses para os comedores comunitários levou ao fechamento de pelo menos 32 estabelecimentos que alimentavam mais de 8 mil pessoas em situação de pobreza em Buenos Aires. A associação civil Rede de Apoio Escolar e Educação Complementar (ERA) também se viu obrigada a fechar 13 comedores que mantinha.

A crise alimentar se estende para outras organizações, como a Rede de Infância, Adolescência e Educação Popular (Interredes), que atende mais de 20 mil pessoas e está ameaçada de fechar devido à falta de repasses do governo. A situação chegou ao Judiciário com uma determinação para a distribuição de alimentos em 72 horas, que o governo recorreu sem cumprir a liminar.

Essa crise acontece num momento em que a pobreza na Argentina atingiu o maior nível em 20 anos, afetando mais de 27 milhões de pessoas. Apesar do governo de Milei ter adotado medidas de corte de investimentos e gastos públicos para estabilizar a economia, a população mais vulnerável acaba sendo prejudicada, dependendo cada vez mais de ajuda estatal.

A situação na Argentina reflete não apenas um problema econômico, mas também uma crise humanitária que precisa ser urgentemente endereçada pelo governo para evitar um agravamento ainda maior da situação dos mais necessitados.

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